A Carreta da Saúde do Agora Tem Especialistas também atenderá pacientes de outros municípios da Região Sul. A ideia já era prevista inicialmente no programa e a situação começou a ser discutida em reunião entre a 3ª Coordenadoria Regional de Saúde (3ª CRS) e o Conselho de Secretários Municipais de Saúde, que está definindo a organização das datas e turnos para cada cidade interessada.
Segundo a secretária de Saúde de Pelotas, Ângela Moreira Vitória, a distribuição será baseada na proporção de habitantes de cada município. “A equipe faz o cálculo para distribuir igualmente aos municípios e definir turnos para cada um deles. Então, naquela data e turno o município pode organizar o transporte para Pelotas e, como o atendimento é todo SUS, o transporte também é gratuito”, explica.
Diante da baixa adesão, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) negocia com o Ministério da Saúde (MS) para que a carreta permaneça por mais tempo e inseriu-se no processo de agendamentos via WhatsApp. “Ela está prevista para ficar em Pelotas até o fim de novembro, mas temos negociado para que fique por 40 dias e atenda o mínimo de pacientes que estava programado”, revela.
Baixa adesão
A negociação foi originada da baixa adesão das pacientes. A Carreta da Saúde está realizando atendimentos às mulheres pelotenses desde a terça-feira passada, mas enfrenta desafios no contato para agendamento e na ausência de pacientes com procedimentos já confirmados. Até o momento, a SMS contabiliza pelo menos 140 mulheres não atenderam às ligações para agendamento.
Em visita à carreta na tarde de ontem, o local estava vazio: não havia agendamentos para aquele turno. Pela manhã, foram realizados cerca de dez atendimentos – a estrutura tem capacidade para até 25 por turno. Segundo Ângela, a situação está ligada principalmente à dificuldade de contato com as pacientes na fila do SUS. “Há 140 mulheres que não atenderam o telefone, nem responderam mensagens no WhatsApp”, reforça.
Entre as hipóteses para o problema está o número de telefone desatualizado no sistema das Unidades Básicas de Saúde (UBSs). Por isso, Ângela faz um alerta: se estiver aguardando atendimento em ginecologia ou mastologia via SUS, verifique se seu número está correto na UBS onde costuma consultar. “Ao atualizar seu telefone, a nossa regulação já tem como saber que o número foi atualizado e chamar”, relata.
A SMS está entrando em contato com as pacientes pelo número (53) 98103-0064. Outra estratégia usada pela pasta é o apoio dos agentes comunitários de saúde, que estão visitando os endereços das pacientes para realizar o agendamento. “Porque eles conhecem a população que foi consultar. Às vezes, até sabem que uma paciente específica teve o exame alterado. Então, temos pedido para que eles intensifiquem esse trabalho”, afirma a secretária.
Chamado ao autocuidado
Ângela destaca a importância de realizar as consultas de pré-câncer e seguir com o tratamento em casos de alterações nos exames. Nesta primeira etapa, estão sendo feitos atendimentos de mamografia e, principalmente, colposcopia – as 140 mulheres que não responderam ao contato estão com alterações que podem indicar um futuro câncer de colo de útero.
Ela explica que elas não necessariamente indicam câncer, mas podem ser lesões precursoras que evoluem com o tempo. “Se ficarmos por dez anos sem fazer nada, vai se transformar em um câncer. Depois que identificou uma alteração nas células do colo do útero, precisa fazer o tratamento”, afirma. “O profissional tenta não assustar a paciente e, às vezes, as pessoas – principalmente os jovens – não se preocupam tanto, acham que não vai acontecer com elas, que isso é coisa de gente mais velha”, acrescenta.
A secretária reforça o chamado: mulheres, procurem o tratamento e aproveitem a oportunidade da carreta para prevenir uma doença tão agressiva quanto o câncer. “É um cuidado com a saúde, é um processo. Se eu tiver todos os cuidados, o meu risco de adoecer vai ser muitíssimo menor”, finaliza.
