Santa Casa e Beneficência aderem ao SUS Gaúcho

Saúde Pública

Santa Casa e Beneficência aderem ao SUS Gaúcho

O aporte do governo do Estado para reduzir em até 70% a fila de espera por consultas e procedimentos ortopédicos e oftalmológicos é de R$ 355 milhões

Por

Atualizado quinta-feira,
30 de Outubro de 2025 às 11:52

Santa Casa e Beneficência aderem ao SUS Gaúcho
(Foto: Jô Folha)

A Santa Casa de Pelotas e o Hospital Beneficência Portuguesa formalizaram a adesão ao programa SUS Gaúcho, iniciativa lançada recentemente pelo governo do Estado. Em uma das frentes, a ampliação ao acesso da população a consultas e cirurgias especializadas, os hospitais realizarão mutirões para atender pacientes que aguardam cirurgias de joelho e consultas oftalmológicas.

Já na Beneficência Portuguesa, serão viabilizadas 2,4 mil consultas, através do programa. O diretor do hospital, médico Armando Manduca da Rocha, que também preside a recém-criada Associação dos Hospitais Filantrópicos da Zona Sul, destaca as dificuldades enfrentadas pelos hospitais filantrópicos gaúchos para manter a sustentabilidade financeira diante da defasagem dos valores pagos pelo SUS. Segundo ele, mais de 70% dos atendimentos do hospital são pelo sistema público, e o custo de cada procedimento supera em muito o valor reembolsado, o que obriga as instituições a recorrerem a empréstimos e cortar serviços.

“Ele (SUS Gaúcho) precisa ser muito mais ampliado para poder atender a necessidade de sustentabilidade, através do custeio dessas instituições”, defende Manduca. Em uma conta rápida, o gestor explica que os R$ 1,25 bilhão destinados para ampliar serviços de saúde com valores um pouco acima da tabela do SUS, serão divididos em 15 meses. O resultado, por habitantes do RS, terá como impacto financeiro cerca de R$ 6,50 por mês. Manduca reconhece que o programa ajuda a reduzir filas – setor que serão destinados R$ 355 milhões -, especialmente em áreas como oftalmologia, vascular e urologia, em que o hospital é referência regional.

Traumatologia

O diretor financeiro da Santa Casa, Salvador Kaé, é mais otimista. Para ele, a assinatura representa um alívio para a instituição e para os usuários do sistema público. “Essa fila que vamos atender é do governo do Estado, não apenas da Santa Casa. Com o SUS Gaúcho, vamos conseguir desafogar bastante as cirurgias de joelho”, destaca. Ele explica que o programa adota tabela de valores diferenciada, o que garante maior sustentabilidade financeira aos hospitais filantrópicos. “É uma medida que beneficia tanto a Santa Casa, que ganha fôlego financeiro, quanto a comunidade, que terá mais acesso a atendimentos pelo SUS.”

Atualmente, a Santa Casa de Pelotas realiza 93% de seus atendimentos pelo SUS, muito acima do mínimo exigido para instituições filantrópicas, que é de 60%. Mesmo assim, o déficit financeiro ainda é um desafio: “A cada R$ 100,00 gastos com procedimentos do SUS, recebemos cerca de R$ 62,00. Precisamos fortalecer as receitas recorrentes e incentivar que os usuários de convênios também nos procurem, pois isso ajuda a manter o atendimento público com qualidade”, afirma o gestor.

Na avaliação de Manduca, o SUS Gaúcho não resolve o problema estrutural da saúde pública, sendo apenas um alívio parcial para os hospitais. Programas como o Tem Mais Especialistas, do governo federal, chegam a pagar até três vezes o valor da tabela SUS, o que, segundo ele, é o tipo de incentivo necessário para equilibrar os custos e garantir sustentabilidade ao sistema.

Como funciona

O programa estadual prevê um investimento de R$ 175 milhões até o fim de 2025 para ampliar a oferta de atendimentos em ortopedia e oftalmologia, áreas consideradas prioritárias pela Secretaria Estadual da Saúde (SES). A meta é reduzir em 70% o tempo de espera para primeiras consultas e procedimentos nessas especialidades até dezembro.

Demanda no Estado

  • Oftalmologia geral adulto: 94.133 usuários na fila
  • Ortopedia joelho: 18.152 usuários na fila
  • Meta: redução de 70%

Acompanhe
nossas
redes sociais