Suspeitos de feminicídio consumado e tentado são presos na Zona Sul

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Suspeitos de feminicídio consumado e tentado são presos na Zona Sul

Um é acusado de matar uma jovem de 21 anos, em Piratini, e o outro esfaqueou uma vítima em Jaguarão

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Suspeitos de feminicídio consumado e tentado são presos na Zona Sul
De janeiro a setembro foram registradas cinco tentativas de feminicídios e 30 estupros em Pelotas (Foto: Jô Folha)

Duas prisões movimentaram as polícias da Zona Sul do Estado no final de semana. Os alvos são suspeitos de cometer feminicídio consumado e tentado, em Piratini e Jaguarão, respectivamente, casos que repercutiram nas duas cidades e reacendem o alerta sobre esse tipo de violência em municípios do interior e de fronteira. Este ano, por exemplo, a primeira capital farroupilha já registrou 44 casos de ameaça e 19 de lesão corporal. Em Jaguarão, foram 42 e 39, na mesma ordem. Em ambos os casos, as investigações resultaram em pedidos de prisão à Justiça, o que reforça a sensação de segurança para a população.

Mas a violência não para. Só em Pelotas, o fim de semana teve dez pedidos de Medidas Protetivas de Urgência (MPUs) em casos de lesão corporal. A estatística cresce com o descumprimento dessas ordens judiciais e com desentendimentos até entre familiares que recorrem à MPU como forma de proteção.

Segundo a Brigada Militar, o cenário se deve a um final de semana com muitos eventos, o que, no entanto, não reduziu a atenção do órgão, que conseguiu atender a todos os chamados e encaminhá-los à Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA). Os números assustam: de janeiro a setembro, Pelotas registrou cinco tentativas de feminicídio (um consumada), 30 ocorrências de estupro, 517 de lesão corporal e 663 de ameaça. “É um trabalho árduo, de muita conscientização e também de prevenção e campanhas”, afirma o comandante do 4º Batalhão de Polícia Militar (4º BPM), tenente-coronel Paulo Renato Scherdien.

A maioria das ocorrências registradas no domingo foi atendida pelo 4º BPM e algumas pela Guarda Municipal (GM). “Aprimoramos o trabalho da Patrulha Maria da Penha, dobrando o efetivo para fiscalizar as medidas protetivas. Mas sempre ressaltamos, e o histórico mostra, que a maioria das mulheres que sofreram agressões fatais, que foram a óbito, não possuíam MPUs”, destaca o comandante.

Scherdien lembra que as agressões acontecem, em geral, nos finais de semana, e orienta as vítimas a registrarem ocorrência. “Hoje, além de comparecer à delegacia, a mulher pode fazer o registro de casa, na Delegacia Online, para que as forças de segurança tenham conhecimento do delito.”

O comandante observa que, quando há feriados prolongados, as ocorrências tendem a aumentar. “O papel da Brigada Militar é agir o mais rápido possível, disponibilizando viaturas e priorizando as ocorrências ‘contra a vida’. Comparecemos ao local, prestamos o primeiro atendimento de emergência, conduzimos a vítima ao hospital e, depois, registramos a ocorrência policial”, explica.

Feminicídios

Os casos de feminicídio em Piratini e Jaguarão ainda não constam nas estatísticas da Secretaria Estadual de Segurança Pública, mas, com eles, a Zona Sul soma quatro mortes por crime de gênero e 14 tentativas desde o início do ano.

Na fronteira, uma jovem de 26 anos foi esfaqueada ao tentar defender a irmã do agressor. Mãe de dois filhos, um deles de apenas três anos, ela foi socorrida em estado grave e transferida para Porto Alegre, onde luta pela vida. Nas redes sociais, familiares e amigos organizam uma vaquinha para ajudar no tratamento. A vítima foi atingida por golpes de faca no rosto e pelo corpo. Contra o agressor, já havia um boletim de ocorrência por crime semelhante cometido no início do mês.

Considerado foragido, o homem se apresentou à Delegacia de Polícia de Jaguarão, acompanhado de advogado, uma vez que havia mandado de prisão preventiva já deferido pela Justiça. O suspeito estava em prisão domiciliar e possuía diversos antecedentes criminais, inclusive pelo mesmo delito. Agora, está recolhido no Presídio Estadual de Jaguarão.

Em Piratini

A morte da jovem Luíza, de 21 anos, também não ficou impune. O autor foi preso na manhã de sexta-feira, no interior de Pelotas. De acordo com o delegado Rafael Vitola Brodbeck, titular da Delegacia de Polícia de Piratini, as primeiras informações, na semana em que a vítima desapareceu, apontavam para suicídio ou morte natural. “Percebemos que, embora não houvesse arrombamento na casa, quando a perícia virou o corpo, havia sangue saindo da região anal. Com base nisso, descartamos o suicídio. Ao analisar as câmeras de segurança, vimos a pessoa que entrou com ela na casa e que depois saiu sozinha, em atitude desesperada, acelerando e dobrando na contramão. Era a última pessoa a estar com ela”, relata o delegado.

A polícia identificou o autor e o carro utilizado, além de imagens em uma loja de conveniência que confirmaram sua presença no local. Com base nas provas reunidas, Brodbeck solicitou a prisão temporária, cumprida na sexta-feira.

Estatísticas

No próximo dia 3 de novembro, o Laboratório Social de Administração da Justiça, Conflitos e Tecnologia, em parceria com o Gitep e o grupo Corpos Cativos da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), lançará o Mapa da Violência 2025 na Zona Sul do Estado, desta vez com um recorte específico sobre crimes contra idosos.

 

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