Aumento de pressão na rede eleva número de vazamentos

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Aumento de pressão na rede eleva número de vazamentos

Comunidade relata desperdício de água; Sanep diz que pressão é necessária para água chegar até a Z-3, e redes mais antigas acabam rompendo

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Aumento de pressão na rede eleva número de vazamentos
Vazamento na praça Coronel Pedro Osório persiste há pelo menos três meses (Foto: João Pedro Goulart)

O aumento da pressão na rede de abastecimento, após a entrada em operação da nova Estação de Tratamento de Água (ETA) São Gonçalo, no ano passado, tem provocado vazamentos em Pelotas. Moradores de diferentes bairros relatam o desperdício de água potável, especialmente em regiões com tubulações mais antigas, como o Fragata e o Centro.

O caso mais recente ocorreu na madrugada da última terça-feira (21), na rua Bernardo José de Souza, ao lado do Cemitério São Francisco de Paula. Moradores relataram que a água começou a jorrar por volta da 1h e seguiu escorrendo pela via durante horas. O problema só foi controlado pela manhã, quando equipes do Sanep atuaram no local.

“Fez uma cratera ali, que é uma loucura. Tivemos que sair com o carro pela calçada para trabalhar”, conta Gilmar dos Santos, que trabalha em uma funerária em frente ao ponto do vazamento. A moradora Neila Borges, de 70 anos, diz que situações como essa têm se tornado rotina. “É seguido. Olha as marcas no asfalto. É normal isso aqui. E é água potável”, afirma.

(Foto: João Pedro Goulart)

Nos últimos dias, chegaram à Rádio Pelotense novos relatos de vazamentos nas ruas Salvador Hitta Porres, João Neves da Fontoura, Adalberto Guerra Duval e Darci Xavier, todas no Fragata. Em áreas centrais, o problema também persiste: há pelo menos três meses, a água corre de forma contínua na Praça Coronel Pedro Osório, em frente ao Theatro Sete de Abril.

ETA São Gonçalo e aumento da pressão

Procurado pela reportagem, o Sanep confirma que o aumento da pressão da água na rede está diretamente ligado à entrada em operação da ETA São Gonçalo, inaugurada em julho de 2024. Segundo a autarquia, a pressão nas tubulações passou de cinco para 15 metros por coluna de água (mca), podendo chegar a 20 mca nas próximas etapas.

Correção gradual de redes antigas

O Sanep informa que as redes mais antigas, de ferro fundido, estavam adaptadas à pressão menor. Agora há um período de adaptação do equipamento à nova força da água, fator temporário que vem sendo corrigido ponto a ponto. “O aumento [dos rompimentos] ocorre nas redes mais antigas, pois há um natural período de adaptação do equipamento à nova pressão de água”, diz a autarquia, em nota.

Conforme o Sanep, os vazamentos recentes não são resultados de rompimentos das tubulações, mas sim das conexões – chamadas de juntas, consideradas os pontos mais frágeis do sistema. A cada novo reparo, segundo a autarquia, é a possibilidade de reforçar o trecho e preparar a rede para operar com plena capacidade.

Balanço financeiro

O Sanep informa ainda que as manutenções corretivas no sistema de distribuição de água representam um custo médio mensal de R$ 150 mil, valor destinado principalmente à compra de materiais, já que a mão de obra é própria. Por outro lado, a entrada da ETA São Gonçalo permitiu desativar as estações móveis do Laranjal, gerando economia estimada em R$ 350 mil mensais.

Centro e Fragata são mais afetados

Atualmente, os bairros mais afetados pelos rompimentos são o Centro e o Fragata, justamente os que concentram as redes mais antigas. “Trabalha-se na correção dos pontos frágeis para reduzir o número de vazamentos ao máximo e, ao mesmo tempo, aumentar a pressão da água”, acrescenta o Sanep.

Pressão da água é necessária

A nota reforça que o aumento da pressão é necessário para garantir o abastecimento em toda a cidade – inclusive nas zonas mais afastadas, como a Colônia de Pescadores Z-3. No total, o sistema de abastecimento de Pelotas é composto por mais de um milhão de metros de tubulações, que estão passando por revisões graduais e intervenções corretivas.

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