Pacto Pela Paz transforma a segurança e faz criminalidade reduzir drasticamente

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Pacto Pela Paz transforma a segurança e faz criminalidade reduzir drasticamente

Integração de forças policiais e a atuação estratégica com instituições de justiça e poder público foram responsáveis por derrubar crimes contra a vida e roubos

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Pacto Pela Paz transforma a segurança e faz criminalidade reduzir drasticamente
Crimes contra a vida tiveram queda de 69%. (Foto: Jô Folha)

Há oito anos, em meio ao auge da criminalidade em Pelotas, foi criado pela prefeitura um plano incipiente de segurança para a redução da violência. Desde então, o Pacto Pelotas Pela Paz foi responsável por uma queda vertiginosa em todos os índices criminais, alguns com mais de 90% de diminuição de registros. Indicador mais preocupante, o número de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI), ligados a conflitos entre facções, caiu de mais de 100 para cerca de 30 casos por ano nos últimos quatro anos.

Os resultados das ações do Pacto Pelotas Pela Paz e o impacto na segurança pública geral foram reconhecidos na última semana na Pesquisa Mundial de Vitimização, em Nova York. O levantamento realizado em 144 países apontou, no Brasil, Pelotas e Niterói (RJ) como referências na construção de municípios seguros. A pesquisa levou em consideração a redução de mais de 80% da criminalidade violenta nas duas cidades.

O cenário antes do Pacto Pela Paz

Em 2017, Pelotas registrava 124 mortes por CVLIs, o maior número já contabilizado na série histórica, reflexo do avanço acelerado da violência na época. Dois anos antes, em 2015, haviam sido 117 assassinatos, 75% deles com uso de arma de fogo. Os homicídios não eram a única preocupação. Em meio ao crescimento da criminalidade, os roubos a pedestres se multiplicavam — 3.357 pessoas registros em 2017. O crime patrimonial também aumentava no furto a comércio e a veículos, com centenas de registros.

A violência a mão armada era fruto, principalmente, da guerra entre facções por territórios para o tráfico de drogas, especialmente em bairros mais periféricos. “Em 2017 todos os indicadores foram muito elevados, mas o que mais assustava naquele ano eram os homicídios”, relata o comandante do 4º BPM, tenente-coronel Paulo Renato Scherdien.

Com a atuação do Pacto Pela Paz, em um ano, os CVLIs caíram para 90 ocorrências, em 2020 para 39 e em 2022 para 25, menor número contabilizado na série histórica. Neste ano, até 14 de outubro, foram dez crimes contra a vida registrados. Se a média se mantiver, 2025 será o ano com o menor número de assassinatos na história da cidade.

Integração e tática

Os resultados expressivos do Pacto Pelotas Pela Paz, segundo representantes das forças de segurança, se devem principalmente à integração das instituições, ao uso da inteligência estratégica e ao planejamento de ações coordenadas de combate ao crime. “Cada instituição sempre esteve trabalhando, mas, muitas vezes, para se combater um certo tipo de delito, precisa unir as forças”, diz Scherdien.

Titular da 18ª Delegacia Regional de Polícia Civil, o delegado Márcio Steffens, destaca que das ações coordenadas foram feitos diagnósticos da criminalidade e uma pesquisa de vitimização para definir prioridades e o planejamento tático de combate dos delitos. “Nós passamos a levar em consideração muito o que os dados, o que a ciência poderia servir para fazer determinado tipo de enfrentamento. E por trás de tudo isso sempre houve a questão da integração”, conta.

Transferência de presos e união com o Judiciário e o MP

A partir disso, a diminuição nos índices de Crimes Violentos Letais Intencionais seria o primeiro foco da atuação do Pacto Pela Paz. “A inteligência de todas as instituições policiais começou a detectar que a ordem das mortes vinha de dentro do presídio”, diz Scherdien. Portanto, para dificultar a comunicação entre líderes de facções presos e criminosos soltos, a BM, trabalhava com a Polícia Penal para a transferência deles a presídios distantes, incluindo unidades federais.

Entre as linhas de ação, o tenente-coronel aponta também a presença da Brigada Militar em áreas de maior ocorrência de homicídios e tráfico, combinada à troca de informações com a Polícia Civil para fortalecer as investigações.

Já o delegado Márcio Steffens salienta a realização das operações integradas (BM, Polícia Civil e Guarda Municipal) e a articulação com o poder Judiciário, bem como com o Ministério Público, como ações cruciais para o sucesso no enfrentamento aos homicídios. “Acabou acarretando alguns reflexos no CVLI’s, porque nós passamos a entender melhor os grupos criminosos, como é que eles estavam no âmbito do sistema penitenciário”.

Na mesma linha, o coordenador do 10º Núcleo do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público (Gaeco), promotor Rogério Caldas, ressalta que a cooperação entre órgãos potencializa estratégias e a troca de informações, contribuindo diretamente para a captura de criminosos.

A queda dos indicadores

Comparando o início do Pacto Pelotas Pela Paz, em 2017, com 2024, último ano com registros fechados, o índice de assassinatos caiu 69%. Em relação a 2022, ano com o menor número de homicídios, a redução chegou a 79%. Da mesma forma, a queda nos roubos a pedestres de 2017 para o ano passado foi de 84%, e de roubo a veículos de 91%. No furto a comércios, a diminuição alcançou 82%.

A manutenção dos índices

Semanalmente as forças de segurança, a prefeitura de Pelotas e representantes do MP e do Judiciário se reúnem para tratar sobre o cenário da criminalidade e traçar estratégias de mitigação dos delitos. Somado a isso, o programa RS Seguro – do governo do Estado -, também é citado pelo comandante Scherdien e pelo delegado Steffens como fatores determinantes para a manutenção dos indicadores em queda.

Semelhante ao Pacto Pelotas Pela Paz, o RS Seguro atua por meio de integração, inteligência e investimentos estratégicos. Criado em 2019, o programa abrange os 23 municípios responsáveis por 80% da criminalidade do Estado. Em outubro de 2025, Pelotas foi a cidade que registrou a maior redução (-69%) de ocorrências criminais entre essas localidades. “Vencemos homicídios, vencemos os roubos. A gente não zerou os números, mas temos números históricos e números que estão nos dando destaque mundial”, conclui o Tenente-Coronel Scherdien.

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