Era digital desafia relação entre pais e filhos conectados

Dia dos Pais

Era digital desafia relação entre pais e filhos conectados

Postura paterna requer sair da zona de conforto e aprender com as experiências

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Atualizado domingo,
11 de Agosto de 2024 às 10:43

Era digital desafia relação entre pais e filhos conectados
Gustavo Jaccottet Freitas e a filha Cecilia de Almeida Jaccottet Freitas, de três anos (Foto: Jô Folha)

O dia dos pais, celebrado, neste domingo (11) pode trazer muitos aspectos para as novas gerações que crescem em meio a transformações da sociedade. Seja ela causada pelas mudanças nas estruturas familiares, com a presença mais compartilhada e menos frequente do pai. A figura paterna passa a assumir novas características funcionais o que requer a saída da zona de conforto.

Independentemente do tempo com os filhos, presencial ou online, o que se observa é uma integração maior na formação, com uso de ferramentas tecnológicas a favor, no ponto de vista psicológico é muito importante. A psicóloga infantil e orientadora parental Charine Aldrighi observa uma maior preocupação do pai no cuidado dos filhos, a começar pela divisão das responsabilidades e tarefas diárias da casa, como alimentação, banhos, e idas ao médico.

Esta conquista surge a partir do aumento da licença paternidade em muitos países, permitindo que os pais estejam presentes nos primeiros momentos da vida dos filhos. “Atualmente a percepção sobre a infância mudou e sabemos o quanto os primeiros anos de vida de uma criança repercute diretamente em toda sua vida”, diz a profissional.

O pós pandemia, embora todo o sofrimento que a Covid-19 tenha causado no mundo, provocou transformações comportamentais e de hábitos como o trabalho remoto que aproximou cada vez mais pais e filhos. A flexibilidade foi um ganho de qualidade de vida e permite que os pais possam passar mais tempo com os filhos e se envolver mais ativamente em suas vidas. Ao mesmo tempo, passaram a ser mais exigidos e, se este está sempre ligado à tecnologia, a ferramenta pode ser uma aliada e não um problema (como o distanciamento entre as figuras) nessa construção familiar. “A figura paterna no mundo moderno e tecnológico está se tornando mais equilibrada, ativa e emocionalmente presente, refletindo as mudanças e demandas da sociedade atual”.

Pai tecnológico

A primeira experiência do advogado Gustavo Jaccottet Freitas, 39, quando sua filha Cecilia de Almeida Jaccottet Freitas, três, veio ao mundo já foi tecnológica. No dia do nascimento, a pediatra disse que ela precisaria fazer eletrocardiograma. Como o relógio usado no momento pelo pai realizava o procedimento, Gustavo não teve dúvidas. “Tirei as pulseiras, coloquei no peito dela e coloquei o dedinho na coroa digital. A resposta foi ritmo sinusal. Enviei para minha cunhada cardiologista que sinalizou estar tudo ok.”

A ferramenta de estreia de Cecilia no mundo online foi em um tablet para que ela ficasse na cadeirinha, em uma viagem internacional. A partir de então, todo o conteúdo apresentado à pequena foi democraticamente escolhido entre pai e mãe, sempre mantendo o consenso para produtos educativos. Antes eram músicas que o casal gosta – e de boa qualidade, como Rocketman, de Elton John com Dua Lipa. Ao longo do seu crescimento, desenvolvimento e consequentemente uma maior independência, Cecília passou a também opinar sobre o que lhe era oferecido. Foi quando o pai se sentiu desafiado.

A mesma ferramenta, ajudou Jaccottet a encontrar um material educativo, o Cocomelon, que auxiliou no desenvolvimento da fala, coordenação motora e também em práticas do bem. “Acho que nós conseguimos, por sorte, dosar o contato com o mundo digital”, comemora. Hoje a menina usa o tablet para consumo de conteúdo que os pais costumam monitorar. “Não que desejamos um controle absoluto sobre as coisas, mas para estarmos preparados caso ela venha com alguma questão sobre algo que viu e falar sobre”,admitiu. Claro que o contato com o celular smartphone, fica mais difícil. Mas o pai entende que Cecília nasceu no mundo digital e que cabe aos pais trabalhar o foco. “Esse é um desafio para mim, o exercício da autoridade do digital.” Um fato que Jaccottet destaca, mas que não chega a ser um problemas é que para a menina, a Alexa é uma pessoa que faz as coisas para ela, como acender e apagar a luz.

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