A Phantasia Audiovisual estreia o filme O lado obscuro da Luna. A sessão ao ar livre, gratuita e aberta ao público, ocorrerá neste sábado (4) às 20h30min no Largo Edmar Fetter, conhecido como Largo do Mercado Público. A obra, escrita e dirigida por Pedro Fassa, aborda temas sensíveis e muito atuais: a adultização nas redes sociais e o potencial que estes espaços têm para gerarem vícios.
No elenco do longa estão os atores João Dolinski, Lisiani Rotta, Alfredo Tillmann e Dhiule Volz. Lis Neuwald se destaca ao interpretar a titular Luna, uma influencer mirim. A equipe técnica conta com Alice Gastaldon e Lorenzo Lenz no departamento de câmera, May Pagliuso é a designer de produção e a trilha sonora é composta por Renan Sosa e Felipe Bunilha. A produção executiva é dividida entre Tabata Gastal e a cineasta veterana Ana Carril.
Pedro Fassa conta que há algum tempo tinha interesse em abordar essa temática no cinema. “O aspecto do vício e como esse excesso de dopamina pode tomar conta de uma vida foi algo que tanto eu quanto vários conhecidos da minha idade já sentíamos, mas pouco se falava e muito menos se levava a sério, possivelmente pela nossa geração ser a primeira a ter acesso à tecnologia desde a primeira infância”, conta.
O momento propício surgiu por volta de 2022, quando ele descobriu dois canais: o canal Ryan’s World, nos EUA, e o canal Bel para Meninas, do Brasil. Segundo Fassa, o conteúdo viciante voltado para os pequenos apresentava temas híper-infantilizados com uma fachada performática calculada. “Pra mim não é uma coincidência que ambos os canais tenham se envolvido em controvérsias desde então e que o tema da adultização nas redes tenha se tornado tão relevante”, fala.
Pulo temporal
O filme se passa em dois momentos: no final de 2019, pouco antes da pandemia, e em meados de 2024. “O filme mostra nossos personagens mais jovens e inocentes. Nenhum deles tem noção do que ainda está por vir, tanto na questão global quanto nas suas próprias vidas. Cinco anos depois, todos passaram por um choque de realidade, tanto pela pandemia, quanto por aspectos pessoais, mas aí vocês terão que assistir ao filme para descobrir mais”, fala o diretor. O pulo temporal, segundo Fassa, destaca o amadurecimento dos protagonistas.
O diretor comenta que a ideia original era focada apenas na família de Luna, os Calvinho. Essa primeira versão foi escrita nas horas vagas, enquanto ele fazia a pós-graduação, talvez por isso, o diretor aponta que o texto era muito mais básico e não dava profundidade aos personagens. Aos poucos o roteiro ganhou um foco mais claro.
A atriz certa
Luna é interpretada pela adolescente Lis Neuwald. “A Lis foi o milagre que nós precisávamos para que esse filme fosse viável: durante a pré-produção, a principal preocupação para mim e pro resto da equipe era de encontrar a atriz certa para interpretar a Luna”, comenta.
Pedro Fassa viu Lis atuando na peça Bodas ao cair da tarde, do grupo Cia Cem Caras, do IFSul. Ao longo do processo de testes, o diretor conversou muitas vezes com a mãe da Lis, a produtora cultural Mari Neuwald, sobre como melhor trabalhar esse tema com ela, o que ajudou na construção da personagem. “Apesar de jovem, Lis já tinha muita experiência no teatro, então toda a preparação foi encarada com muita naturalidade. Ela é um dos pontos altos do filme”, destaca o diretor.
Além de Pelotas, o filme será exibido em Canguçu, São Lourenço e Rio Grande, as datas devem ser anunciadas em breve. A classificação indicativa é A12, devido a violência e linguagem forte.
Para o diretor, o principal objetivo é estimular a discussão sobre como construir ambientes digitais saudáveis para todas as idades. “E em ensinar formas de não se tornar dependente dessa fonte constante de dopamina”, comenta.
