Está disponível pelo canal @pampasingular no Youtube o minidocumentário Castelo de Pedras Altas um legado em meio ao Pampa. O vídeo é uma produção do projeto Pampa Singular, coordenado pelo professor João Ricardo Vieira Iganci, do Instituto de Biologia, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). A captação de imagens e edição do curta é a produtora Rastro Selvagem
Desde 2020 Iganci desenvolve o Pampa Singular, o projeto envolve os setores de Ensino, Pesquisa e Extensão. Uma das atividades de Extensão é a produção de audiovisual, abordando temas como biodiversidade, cultura e paisagens. O vídeo que foi oficialmente lançado, ontem, foca no inventário do acervo de bens móveis e da flora do Castelo construído pelo diplomata, agropecuarista e político Joaquim Francisco Assis Brasil (1857-1938), entre 1909 e 1913.
A ideia surgiu a partir da colaboração das professoras Nóris Leal e Andrea Bachettini, da UFPel, que estavam começando o trabalho de inventário do acervo no Castelo, tombado como patrimônio estadual e federal. O local guarda também uma importante coleção de plantas. Como Iganci é professor das disciplinas de Botânica e de Ilustração Botânica, foi incluído neste processo. “Elas me chamaram para estudar as plantas relacionadas ao Castelo”, conta o professor.
Pesquisa nos diários
A pesquisa foi feita pelo acadêmico João Augusto Castor Silva, do Núcleo de Ilustração Científica do IB UFPel, orientando de Iganci. Silva estudou os diários de Cecília Assis Brasil, filha do embaixador. Em seus relatos, Cecília aborda o cotidiano na antiga fazenda e dá destaque para as cerca de 50 espécies de plantas que eram cultivadas naquelas terras, algumas trazidas por Assis Brasil de suas viagens. “Ele tinha esse lado de colecionar plantas e gostava de testar a introdução de espécies”, explica o professor.
Segundo Iganci, a área de Pedras Altas é bem típica de bioma pampa, com solo bem pedregoso, que num primeiro momento pode parecer improdutivo. “Mas Assis Brasil tinha justamente essa ideia de que ele poderia cultivar qualquer coisa lá, dentro de uma visão mais social do uso dessa propriedade”, conta. João Castor Silva também está reproduzindo essas espécies em aquarelas.
O inventário revelou que várias espécies cultivadas no Castelo foram introduzidas por Assis Brasil pioneiramente, cerca de 50 anos antes de chegarem a outras regiões do país. Entre elas estão o aspargo e o morango.
O vídeo mostra um pouco desse pioneirismo e traz o relato de um dos proprietários, que relembra como ele chegou ao Castelo, a visão que ele tinha no início, de utilizar aquela área na produção agrícola, e o que mudou no momento em que ele conheceu a história de Assis Brasil.