Bem-estar e produtividade estão associados a atitudes

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Bem-estar e produtividade estão associados a atitudes

Atividade física, pausas e diálogo são apontados como pilares para manutenção da saúde mental dos colaboradores

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Bem-estar e produtividade estão associados a atitudes
Brasil registrou 220 mil afastamentos por transtornos mentais em 2024 (Foto: Jô Folha)

A saúde mental é um tema cada vez mais presente na sociedade e dentro das empresas. Com casos de excessos, o estresse emocional se tornou frequente, impactando o desempenho profissional, resultados financeiros e, sobretudo, o bem-estar dos trabalhadores.

Em 2024, o Brasil registrou mais de 220 mil afastamentos do trabalho por transtornos mentais e comportamentais, segundo o Ministério da Previdência Social – o maior número da série histórica. O Rio Grande do Sul apresentou um dos índices mais altos do país, chegando a cerca de 37 mil afastamentos. Em torno de 48% deste número foram afastados por diagnóstico de depressão (10.274 concessões) e ansiedade (7.792).

Para a psicóloga Amanda Neumann, especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), os reflexos da saúde mental nas empresas são diretos. “Os problemas de saúde mental impactam nas funções cognitivas, na atenção, na memória, na resolução de problemas, nas relações interpessoais”, explica.

Empresas

Para as empresas, o investimento em saúde mental é indiscutível para melhorar a performance. A especialista sugere a implementação de programas permanentes – não se limitando a meses comemorativos – com treinamentos. Para empreendedores menores e locais, sugeriu a promoção da desmistificação e o conhecimento através de palestras, grupos de estudos e diálogo sobre temas como burnout e ansiedade.

Papel dos líderes

O papel dos líderes também é decisivo. Transparência, empatia e feedback assertivo são apontados como ferramentas para engajar as equipes. “Eu posso estar estressada, eu posso estar com problema na minha vida, mas eu consigo lidar com o meu dia a dia… isso é falar sobre saúde mental”, reflete.

A cobrança, porém, não pode ultrapassar limites a ponto de causar problemas para os colaboradores com a sobrecarga de trabalho. “A longo prazo a gente não consegue manter esse tipo de atividade, porque o nosso organismo não foi feito para isso. O ideal é o equilíbrio, é o limite”, afirma ela.

A especialista alerta ainda para a autoestima no trabalho, lembrando que líderes despreparados podem “atropelar” colaboradores, impedindo sua autonomia. Também destaca a ansiedade dos jovens da Geração Z. “Saber que a gente vai errar várias vezes na vida ajuda bastante. A gente só aprende errando”, declara.

Jornada dupla feminina

Amanda ressalta a sobrecarga feminina, que acumula responsabilidades profissionais e domésticas. “É quase que impossível o que eu estou vivendo na minha vida pessoal não respingar em algum momento [no trabalho]. A longo prazo, se eu não resolver esses problemas, certamente isso vai respingar no meu trabalho”, explica.

A solução que a profissional indica para as empresas é investir em um setor de Recursos Humanos ativo que observe, dialogue e não ignore sinais de estresse, oferecendo flexibilidade de horário sempre que possível.

Manutenção física

Para aumentar foco, energia e resiliência profissional, Amanda recomenda três hábitos diários: atividade física (caminhar 20 minutos já é suficiente), boa alimentação e práticas de meditação e respiração (como a yoga). Ela explica que respirar pausadamente pode prevenir e ajudar a gerenciar uma crise de ansiedade.

Outro ponto central é a interligação da saúde mental com a saúde física, como a influência da alimentação, do descanso e do contato com a natureza. A especialista reforça que a pausa no final de semana é essencial, e o colaborador deve impor limites para evitar levar o trabalho para casa. Segundo ela, isso ajuda a combater a chamada “síndrome do domingo”, a angústia com o retorno ao trabalho.

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