A 6ª Mostra de Sementes Crioulas do Rio Grande aconteceu no dia 6 de setembro, no CTG Rafael Pinto Bandeira, localizado na Vila da Quinta em Rio Grande. O evento foi uma possibilidade da população conhecer o trabalho que é realizado pelos chamados “guardiões de sementes”, e como atuam na preservação e valorização destes insumos.
Em uma parceria da Secretaria de Municipal de Agricultura e Pecuária com a Associação dos Guardiões de Sementes Crioulas do Rio Grande e tem apoio da Embrapa, Emater/RS-Ascar, Universidade Federal do Rio Grande (Furg) e ArtEstação, o evento contou com a presença de guardiões de diferentes municípios, como São José do Norte, Pelotas, São Lourenço do Sul e Piratini.
Quem são os guardiões?
O termo identifica pessoas que conservam e multiplicam variedades de sementes, repassando-as por gerações. A denominação reconhece um trabalho já realizado por pequenos agricultores e comunidades tradicionais.
Criada em 2016, a Associação de Guardiões do Rio Grande reúne 13 famílias, mas cerca de 23 trabalham com essas sementes no município. O grupo preserva mais de 30 espécies, cada uma com diferentes variedades.
Sem sede própria, os agricultores armazenam os grãos em suas propriedades. Garrafas PET, geladeiras e freezers são os principais meios de preservação, que garantem uma durabilidade de até cinco anos para os insumos.
Sementes Crioulas
A ideia de eventos, como o realizado em Rio Grande, é de aproximar a população de alimentos menos convencionais, mas saudáveis.
Exemplos das chamadas sementes crioulas são a batata-doce roxa, o caxi, abóbora-gila, o milho catete e o feijão-sopinha.
Um dia antes da realização da mostra, o Ministério do Meio Ambiente publicou uma portaria que institui o selo de identificação de origem étnica e territorial de alimentos e produtos de comunidades tradicionais. A medida tem o objetivo de fortalecer a identidade dos povos e valorizar o agricultor.
E o que estamos fazendo para mudar a realidade?
Setembro encaminha-se para encerrar com chuvas dentro da normalidade para o mês, que prevê um acumulado entre 120 e 130 milímetros. No entanto, o mês que se encerra foi permeado de alertas para temporais pontuais, que atingiram a Zona Sul. Em todos estes momentos de atenção, o questionamento voltou à tona: será que estamos prontos para mais chuvas?
Os problemas de escoamento no centro de Pelotas, por exemplo, são agravados em períodos chuvosos, não somente pela infraestrutura, mas também pela ação humana. Em um dia que contava com alertas do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) para chuvas intensas na região Sul, a equipe do jornal A Hora do Sul flagrou um tradicional ponto de escoamento de Pelotas com grande acúmulo de lixo, o canalete da General Argolo.
Os resíduos acumulados podem agir como uma barreira que impede a fluidez natural da água da chuva, aumentando o risco de inundações pela cidade.
O morador da região, Hugo Hemp, 77 anos, acompanhava de perto a situação e, segundo ele, a limpeza feita pela prefeitura existe, mas não resolve o problema a longo prazo. “Eles limpam hoje, mas de tarde já vai estar cheio de lixo de novo. Tem gente que remexe o lixo, escolhe o que precisa e deixa o resto no chão. Depois, qualquer chuva leva tudo e entope os canaletes”, relata.
Cidadania
A prática da cidadania vai além da participação política e do respeito às leis: envolve também a responsabilidade de cada indivíduo com o espaço coletivo em que vive. Nesse sentido, o cuidado com o meio ambiente torna-se parte essencial do exercício cidadão, já que a forma como lidamos com o lixo impacta diretamente nos alagamentos das cidades. A reciclagem e o descarte correto dos resíduos são atitudes simples, mas que revelam consciência social e compromisso coletivo. Separar materiais, evitar o descarte irregular e contribuir para sistemas de coleta – como os Ecopontos – geram renda para famílias que dependem da triagem e fortalecem políticas públicas de sustentabilidade.
Limpeza e ações preventivas

Canalete da General Argolo, no centro de Pelotas, sofre constantemente com o descaso (Foto: João Pedro Goulart)
A prefeitura foi questionada sobre o cronograma de limpeza e as medidas preventivas adotadas para enfrentar os próximos dias de instabilidade. Conforme nota, ontem as equipes atuavam na zona Norte, na avenida Leopoldo Brod e na BR-116, e o canalete da rua Argolo faz parte dos mais de 50 quilômetros de estruturas percorridos anualmente. Segundo o órgão, a estrutura apresenta plena capacidade de escoar as águas da chuva.
O Sanep conta com plantão 24 horas nas sete casas de bombas, responsáveis por conduzir a água dos canais para fora da cidade, além de atendimento pontual com caminhão hidrojato em casos de acúmulo durante fortes precipitações. O trabalho é acompanhado em conjunto com a Defesa Civil e as secretarias de Serviços Urbanos e Infraestrutura, seguindo o plano de contingência da cidade.