Miriam Marroni vai depor no caso Cauê

Opinião

Pedro Petrucci

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Jornalista

Miriam Marroni vai depor no caso Cauê

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Na próxima segunda-feira, a Comissão de Ética da Câmara de Pelotas ouvirá a secretária de Governo, Miriam Marroni, no processo ético-disciplinar que envolve o vereador Cauê Fuhro Souto (PV). A decisão dela de depor encerra um impasse que vinha marcando os trabalhos da comissão: após duas recusas, Miriam agora aceita comparecer e falar diante dos vereadores.

A mudança é significativa por dois motivos. Primeiro, porque o silêncio de Miriam já havia se transformado em protagonista. Ao resolver falar, Miriam recoloca o processo no trilho institucional, reforçando o peso da Câmara em zelar pela conduta de seus parlamentares. O segundo motivo é político.

O vereador Cauê Fuhro Souto acusa a secretária de participar da produção de um vídeo que teria prejudicado sua imagem. Ao mesmo tempo, Miriam vinha sustentando que nada de novo tinha a acrescentar além do que já era de conhecimento público. Agora, ao aceitar depor, ela se abre a um gesto que tem mais dimensão política do que propriamente jurídica: dar sua versão em um espaço oficial, com registro público e sob o olhar dos pares do vereador.

O processo em curso não se esgota na Câmara. O Ministério Público já abriu inquérito criminal por falsidade ideológica contra Cauê, acusando-o de usar a estrutura familiar em uma associação sem funcionamento efetivo para tentar acessar uma emenda de R$ 625 mil. O dinheiro não foi repassado, mas a investigação segue. Diante disso, a fala de Miriam pode não alterar o destino jurídico do caso, mas terá peso imediato: ajudará a calibrar a narrativa sobre quem tentou manipular os fatos e quem busca transparência.

Arthur Hallal anuncia emenda

O vereador Arthur Halal (PP) anunciou nesta semana a conquista de R$ 500 mil em emenda parlamentar, viabilizada pelo deputado federal Pedro Westphalen (PP). O recurso será destinado a fortalecer as áreas de Pelotas. O anúncio foi feito durante agenda oficial do vereador em Brasília, onde esteve ao lado do deputado. A destinação dos recursos será feita da seguinte forma: R$ 120 mil para a compra de câmeras de monitoramento avançado, com identificação facial e veicular, pela Secretaria de Segurança; R$ 180 mil para a fase dois do laboratório de prótese dentária da Faculdade de Odontologia, que receberá também R$ 200 mil no início do ano para a fase 1. Este projeto visa zerar a fila de próteses dentárias pelo SUS, hoje com mais de 2 mil pessoas aguardando atendimento.

Projeto vetado

O veto do prefeito Marroni (PT) ao projeto que propunha capacitação para profissionais de enfermagem gerou debate — mas não é um ataque à saúde ou aos profissionais. A decisão foi justificada em legalidade e responsabilidade fiscal. Afinal, o projeto invadia competências exclusivas do Executivo e não previa o impacto financeiro de suas ações. Boa intenção não basta. Leis que alteram a estrutura administrativa ou geram despesas precisam de planejamento para que se tornem realidade sem comprometer o orçamento.

Mercado aberto

A recente portaria do Ministério da Agricultura e Pecuária, que integra os serviços de inspeção municipais do Consórcio Público do Extremo Sul (COPES) ao Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SISBI-POA) é uma decisão política e econômica de longo alcance para cidades como Pelotas. Ao permitir que produtos de origem animal produzidos na região tenham validade nacional, o governo federal abre novos mercados e valoriza a produção local, ao mesmo tempo em que reforça padrões de segurança alimentar, fundamentais para a confiança do consumidor. No plano político, a medida evidencia a importância de consórcios municipais bem estruturados. Mas a medida também mexe com o bolso. Produtos de Pelotas que receberem o selo federal tendem a alcançar maior valor no mercado nacional, o que pode gerar ganhos para os produtores e, por consequência, um aumento de preços no consumo local. Esse efeito, somado às exigências de adequação às normas federais, pode criar uma barreira inicial para pequenos produtores, que precisarão investir em estrutura e processos.

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