Dia da Árvore convida a repensar arborização urbana em Pelotas

Conscientização

Dia da Árvore convida a repensar arborização urbana em Pelotas

Cidade tem apenas 3m² de área verde por habitante, abaixo do mínimo recomendado pela OMS; prefeitura aposta em projeto de resiliência climática

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Dia da Árvore convida a repensar arborização urbana em Pelotas
Pelotas entregou 3.150 mudas e plantou 1.190 até o momento em 2025. (Foto: Jô Folha)

Neste domingo (21), Dia da Árvore, que coincide com o início da primavera e completa 60 anos de celebração no Brasil, o convite é para refletir sobre a importância dessas plantas na sobrevivência e bem-estar das espécies – inclusive a humana – e sobre a arborização nas cidades.

De acordo com o professor Paulo Roberto Grolli, da Agronomia da UFPel, a presença de árvores no espaço urbano traz ganhos sociais, ambientais, econômicos e psicológicos, através do bem-estar, estímulo à qualidade do ar, controle da temperatura e da sensação térmica e do equilíbrio hídrico.

Segundo a Secretaria de Qualidade Ambiental (SQA), em 2025 já foram plantadas 1.190 mudas – das quais 780 vingaram. Outras 3.150 foram doadas à população, com expectativa de que 75% alcancem a fase adulta. “Somando tudo, teremos mais de 4 mil mudas, chegando a dez novas árvores para cada supressão feita”, afirma o secretário Márcio Souza.

Apesar do esforço, a cidade está distante da meta da OMS, que recomenda ao menos 12m² de área verde por habitante. Hoje, Pelotas tem pouco mais de 3m², principalmente no Centro Histórico. Entre os entraves, Grolli cita o plantio inadequado, podas irregulares, baixa qualidade de mudas e falta de manutenção.

Projeto de resiliência climática

Para mudar o cenário, a Prefeitura prepara o Plano de Resiliência Climática, previsto para ser apresentado até o início de 2026. O projeto prevê o plantio de 1 milhão de árvores em dez anos, em áreas urbanas e rurais.

  • Proteção de nascentes e matas ciliares em arroios e no Canal São Gonçalo;
  • Implantação de corredores verdes conectando parques e áreas naturais;
  • Arborização com espécies nativas e frutíferas, atraindo fauna silvestre;
  • Microflorestas urbanas em escolas e praças;
  • Incentivo a energia solar, transporte público elétrico, telhados e jardins verticais;
  • Criação do IPTU Verde.

O secretário ressalta que o objetivo é preparar a cidade para eventos climáticos extremos, como as enchentes de maio de 2024, e melhorar a qualidade de vida da população.

Desafios

Para o professor Grolli, a iniciativa é positiva, mas depende de execução técnica e da escolha correta de espécies adaptadas ao bioma pampa. Ele cobra maior integração com a academia. “Temos engenheiros agrônomos, biólogos e gestores ambientais preparados para contribuir, mas a universidade não tem sido chamada. Mexer com arborização não é só plantar árvore, é preciso conhecimento técnico para garantir resultados”.

Como exemplo, cita o projeto desenvolvido em Rio Grande, que georreferenciou mais de 14 mil árvores e gerou cartilha de manejo para a prefeitura. “Uma cidade bem arborizada valoriza imóveis, fortalece vínculos da população com os espaços e melhora a qualidade de vida. As árvores não são um problema: elas estavam aqui antes de nós. O desafio é urbanizar para conviver com elas, e não eliminá-las”, conclui.

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