Pesquisa da UCPel avalia impacto da gravidez no psicológico das gestantes

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Pesquisa da UCPel avalia impacto da gravidez no psicológico das gestantes

Trabalho é executado desde 2023 e indica que 43,9% das participantes apresentaram algum sinal de sofrimento emocional

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Pesquisa da UCPel avalia impacto da gravidez no psicológico das gestantes
Pesquisa é feita com parturientes atendidas pelo Hospital Universitário São Francisco de Paula (Foto: Bruno Bohm)

A Universidade Católica de Pelotas (UCPel) promove, desde 2023, um projeto que vem se dedicando a compreender e melhorar o bem-estar psicológico de um grupo mais vulnerável: mulheres em trabalho de parto ou no período imediato ao nascimento de seus bebês. Os dados indicam que a maioria das gestações não foram planejadas e 43,9% apresentaram algum sinal de sofrimento emocional durante a gestação.

Coordenada pelo médico e professor Marcos Razera, a pesquisa é desenvolvida pelo curso de Medicina da UCPel em parceria com o Hospital Universitário São Francisco de Paula (HUSFP), e vem sendo executada desde 2023. A iniciativa analisa dados coletados durante o atendimento às gestantes com o objetivo de avaliar sua saúde mental e promover melhorias no cuidado assistencial.

“A iniciativa surgiu da percepção de que muitas informações valiosas coletadas durante os atendimentos acabavam sem o devido aproveitamento. A partir dessa constatação, aliada ao desejo de aprimorar o cuidado aos pacientes e estimular o interesse científico entre os estudantes de Medicina, nasceu o projeto de pesquisa”, destaca o professor.

A pesquisa

A pesquisa abordou 782 mães, entre outubro de 2023 e junho de 2025 e que foram atendidas no HUSFP. Dentre as 738 com dados completos, 60,3% relataram que a gestação não foi planejada. A pesquisa revelou que sintomas de ansiedade e/ou depressão durante a gestação foram relativamente frequentes: 43,9% das participantes apresentaram algum sinal de sofrimento emocional.

Ao cruzar os dados com o planejamento da gestação, observou-se que 48,1% das mulheres que não haviam planejado a gravidez relataram sintomas, enquanto entre aquelas com gestações planejadas o índice foi de 37,5%, indicando uma associação importante entre o planejamento gestacional e a saúde mental materna.

O coordenador indica que, a partir da constatação de sofrimento emocional, seja leve ou mais severo, solicita-se a avaliação da paciente com profissionais especializados: psicólogos e/ou psiquiatras.

Caminho para a ciência

Valéria Fagundes, estudante de Medicina da UCPel e psicóloga, destaca a importância do estudo. “O cuidado com a saúde mental da parturiente muitas vezes não recebe a mesma atenção que os aspectos biológicos e obstétricos. Aprendemos com frequência a avaliar sinais vitais, exames laboratoriais e a evolução clínica do parto, mas nem sempre somos treinados a reconhecer sinais de ansiedade, depressão ou sofrimento psíquico”

Para a acadêmica, que integra a pesquisa desde a sua concepção, todo o cuidado com a parturiente é importante para que o bebê se desenvolva de uma forma saudável. “Ansiedade, depressão e outros transtornos psíquicos nesse período podem impactar não apenas a vivência da gravidez, mas também o desenvolvimento do bebê, a qualidade do vínculo mãe-filho e até mesmo os desfechos obstétricos. A saúde mental da mãe está, portanto, diretamente relacionada ao bem-estar do recém-nascido, ao estabelecimento do vínculo afetivo e à adesão aos cuidados pós-parto. Esse olhar também reforça a importância de uma atuação multiprofissional, na qual o acompanhamento obstétrico se articule com o suporte psicológico”, conclui Valéria.

Além de Valéria, outros seis estudantes participam do projeto. Uma delas é Nathalia Schick, que participa pela primeira vez de uma pesquisa acadêmica. “Participei ativamente da pesquisa por meio da coleta de dados específicos relacionados ao histórico clínico e social das gestantes. Eu pretendo seguir produzindo cientificamente. Acredito que a produção científica nos enriquece academicamente e nos permite contribuir ativamente para o avanço do conhecimento na nossa área de interesse, visualizando dados reais da nossa realidade”, ressalta.

Contribuição para a saúde pública

“O estudo traz uma série de benefícios a todos os envolvidos: qualificou a coleta de dados no hospital, auxiliou na atualização de questionários de anamnese, gerou protocolos assistenciais, aprimorou o atendimento ao paciente internado, reforça a importância da produção cientifica no meio acadêmico, esclarece ao aluno a relevância de uma boa coleta de dados para assistência e pesquisa e enriquece o currículo dos envolvidos”, pontuou o professor Marcos Razera.

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