“Nesses anos notei que os idosos têm mais personalidade e oportunidade de decisão”

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“Nesses anos notei que os idosos têm mais personalidade e oportunidade de decisão”

Adriana Velasquez, coordenadora do Maturidade Ativa do Sesc

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Atualizado sábado,
13 de Setembro de 2025 às 12:39

“Nesses anos notei que os idosos têm mais personalidade e oportunidade de decisão”
Há dez anos Adriana é coordenadora do programa em Pelotas (Foto: Divulgação)

O programa Maturidade Ativa do Sesc está presente em mais de 50 cidades e é destinado a pessoas, a partir de 50 anos, com objetivo de oferecer ações voltadas para a promoção do envelhecimento ativo em todas as dimensões: saúde, segurança e participação social. Em Pelotas, as atividades completaram 18 anos no mês passado, com cerca de 120 idosos.
São realizadas oficinas com temáticas diversas, encontros de integração, passeios e campanhas sociais, aulas de dança, rodas de conversa e palestras. Baseado em uma metodologia ativa de trabalho, os idosos reúnem-se para conviver, aprender, confraternizar, desenvolver potenciais, além de realizar atividades comunitárias e solidárias.

Em entrevista ao programa Papo da Hora, da Rádio Pelotense, Adriana Velasquez, que é coordenadora do Maturidade Ativa de Pelotas há 10 anos, destacou a importância das práticas para o envelhecimento saudável.

Qual é o impacto percebido na saúde mental dos idosos participantes?
Tem pesquisas que falam que o idoso que fica muito dentro de casa, sozinho, tem mais chances de entrar em um processo depressivo. Quanto mais se convive, mais benefícios se tem para a memória, para a parte fisiológica do desenvolvimento na terceira idade, e diversos outros estímulos.
No início, o programa atendia apenas pessoas a partir dos 60 anos, mas, com o passar o tempo, acabamos recebendo muitas demandas de inscrições de pessoas 50+, então resolvemos abrir a exceção e depois foi ampliado. As pessoas estão querendo se cuidar, na terceira idade, cada vez mais cedo.

Como é encarado o envelhecimento dentro das atividades do Maturidade Ativa?
No Sesc nós trabalhamos com algumas diretrizes, como o envelhecimento ativo, onde entra a qualidade de vida, palestras sobre cuidados pessoais, saúde mental; e o protagonismo do idoso, que para mim é a mais importante, é tu te sentir protagonista até o final da tua jornada. Ser dono de ti, então orientamos o que o idoso ainda pode proporcionar para a sociedade. Trabalhamos questões mais difíceis também, como a própria finitude. Quando eu entrei, acreditava que falar sobre esse tema poderia ser um sofrimento, mas aprendemos, que para eles a finitude é muito mais tranquila do que para nós aos 40 ou 50 anos.

O que é oferecido dentro do programa?
Temos oficinas de acordo com o sentir e o propósito daquele grupo. Por exemplo, temos um grupo muito grande de professoras aposentadas que gostam de estudar, então temos oficinas de memória, estudos e palestras. Nas aulas de dança, as meninas se apresentam em eventos da cidade, temos casos de algumas que tinham o sonho de serem bailarinas na juventude e que, agora, podem realizar através do Maturidade Ativa. Outra atividade que é muito importante é voltada para a inclusão digital, onde temos todo olhar para colocar o idoso dentro do mundo atual e grande parte ainda tem medo de errar no celular.

Nos dez anos à frente do Maturidade Ativa em Pelotas, qual é a mudança que já pode ser percebida entre os participantes?
O que eu noto é, na verdade, o que acontece no mundo. Hoje a longevidade é muito maior, 15% da população do Brasil é idosa e até 2070 a expectativa é chegar a 36%. Nesses anos, o que eu notei é que os idosos são mais ativos, têm mais personalidade, mais vontade e tem aquela premissa de escolher o que quer fazer, como quer envelhecer. Hoje eles têm muito mais oportunidade de decisão e são oferecidas outras coisas, que não só envelhecer em casa.

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