Pelotas busca desenvolver uma estrutura voltada ao transporte de cargas pesadas, às margens da BR-116. O pré-projeto está em fase inicial de estudos e foi apresentado pelo prefeito Fernando Marroni (PT) em entrevista à Rádio Pelotense. Chamado por ele de “Distrito dos Caminhões”, a proposta contempla a criação de um espaço multifuncional com área de transbordo e manobra de caminhões, um ponto de parada para caminhoneiros e serviços logísticos.
O município ocupa uma posição estratégica no Sul do país, com importantes rodovias federais – BR-116, BR-392 e BR-293 – que ligam o Porto de Rio Grande, a fronteira com o Uruguai e regiões centrais do Brasil. Apesar dessa relevância logística, a cidade ainda não conta com um espaço estruturado para apoio aos caminhoneiros, nem um ponto de parada reconhecido pela política nacional de Pontos de Parada e Descanso (PPD).
Infraestrutura
O pré-projeto conta com cerca de cinco mil metros quadrados de área total estimada, divididos em três mil metros quadrados para pátio de manobras e estacionamento de veículos pesados; 300 m² para edificações de apoio (administração, sanitários, refeitório); 1,2 mil metros quadrados para vias internas, recuos e acessos; e 500 metros quadrados para áreas verdes e compensação ambiental.
O local exato de instalação ainda está sendo avaliado a partir de aspectos de acessibilidade, viabilidade ambiental, conexão com rodovias e infraestrutura existente. Durante a entrevista, Marroni comentou sobre um terreno de 12 hectares já de posse do governo municipal.
Além de oferecer melhores condições de descanso, segurança e bem-estar aos caminhoneiros, a estrutura poderá agregar serviços complementares, como oficinas, borracharias, postos de abastecimento, restaurantes, pequenas concessionárias e unidades de atendimento básico à saúde e orientação profissional.
Lideranças comemoram
O presidente da Associação Comercial de Pelotas (ACP), Fabrício Cagol, relata que o pré-projeto já havia sido apresentado à entidade no início do ano e recebeu total apoio. “Será uma novidade muito interessante, sobretudo para o fluxo de cargas da safra, que desce por Canguçu em direção a Pelotas, pela BR-116 de Porto Alegre para cá, e também para a ligação constante de caminhões com o Porto do Rio Grande. Esse movimento é intenso e diário, especialmente no trevo de Pelotas”, declara.
Para Augusto Vaniel, presidente do Centro das Indústrias de Pelotas (Cipel), a indústria da região vê com bons olhos a criação, principalmente, de um porto seco alfandegado, pois permite a movimentação de produtos destinados à exportação e à importação. “Ele reavivará as oportunidades, nos permitirá ser mais competitivos e, com uma utilização otimizada, trará ganhos significativos para toda a região”, completa.
O coordenador da Aliança Pelotas, Jorge Almeida, salienta a importância da instalação como um local de descanso com segurança e conforto para os caminhoneiros, bem como a utilização do porto seco para os despachos aduaneiros, sem precisar deslocar-se até Rio Grande.
Possível sossego
A novidade também é uma boa notícia para os moradores das ruas urbanas que convivem diariamente com dezenas de caminhões passando em frente às suas residências. “É barulho o tempo todo, 24 horas por dia, todos os dias, inclusive finais de semana e feriados. Aqui mesmo, temos uma senhora de 99 anos. Ela dormia na parte da frente da casa, mas tivemos que levá-la para os fundos por causa do barulho. Não tinha mais como dormir”, relata Mário César Silva, morador da rua Conde de Porto Alegre, via que faz parte do trajeto dos veículos até o Porto.
Mário César também ressalta a falta de respeito às sinalizações de velocidade da via. “Muitos andam a 80 km/h, mesmo com a placa indicando 40 km/h. Já vi muitos descendo aqui em alta velocidade, sem respeitar nada”, acrescenta.
O que é?
Um porto seco, estrutura citada por Marroni, é uma área alfandegada localizada fora dos portos marítimos e aeroportos internacionais. Sua principal função é operar o despacho aduaneiro de mercadorias importadas ou a serem exportadas. Além de agilizar os trâmites, ele oferece infraestrutura para armazenagem, movimentação de cargas e serviços de apoio ao comércio exterior.