Faltando 148 dias para o início da Olimpíada de Inverno, o rio-grandino Eduardo Strapasson está em preparação em busca da classificação no skeleton. O calendário da modalidade começa em novembro e se estende até o fim do inverno no hemisfério norte.
Para carimbar o passaporte rumo a Milão-Cortina, cidades italianas que sediarão os Jogos, o jovem precisa conquistar uma boa posição no ranking mundial. Isso significa alcançar os melhores resultados da carreira diante da elite internacional do skeleton.
Aos 17 anos, Eduardo iniciou no esporte aos 15 — idade inferior à média de entrada na modalidade. Os bons resultados da última temporada o motivam a projetar um desempenho ainda melhor e acreditar no sonho olímpico já neste ciclo.
“Espero muito estar lá. Que vocês consigam acompanhar toda essa trajetória que venho construindo para chegar às Olimpíadas. Acho que vai ser muito legal. […] Tenho melhorado cada vez mais. No início deste ano, disputei o Mundial Sub-20 e obtive uma ótima colocação. Depois desses resultados positivos, vimos que há uma chance real de eu ir para a Olimpíada. Esse é o foco agora, esse é o objetivo, e estou treinando para isso”, destacou o atleta em entrevista ao programa Atualidades Esportivas, da Rádio Pelotense 99.5 FM.
Calendário do skeleton
Eduardo explica que o calendário da modalidade conta com quatro competições de peso mundial, e ele disputará duas delas: a Copa América e a Copa da Ásia, por considerar maiores as chances de conquistar a vaga olímpica nesse caminho.
Em novembro, competirá em Whistler (Canadá) e Park City (Estados Unidos). Em dezembro, participará de uma competição em Pyeongchang (Coreia do Sul) e, no início de 2026, em Lake Placid (Estados Unidos).
A também rio-grandina Nicole Silveira, de 31 anos, disputará a Copa do Mundo de Skeleton. Principal nome brasileiro na modalidade, a atleta deve confirmar sua vaga para Milão-Cortina 2026. Em março, Nicole fez história ao conquistar o quarto lugar no Mundial de Skeleton, em Lake Placid — o melhor resultado do Brasil em campeonatos mundiais de esportes olímpicos de inverno.
Preparação para a temporada
Enquanto a temporada de competições não começa, Eduardo segue sua preparação em São Paulo, onde reside atualmente. Seu pai, Emílio Strapasson, é presidente da Confederação Brasileira de Desportos no Gelo (CBDG).
Entre abril e outubro, quando a falta de gelo impede a realização de provas, o jovem atleta foca em ganhar força e velocidade. “Estou fazendo um treinamento físico com vários atletas, além de treinos de velocidade com competidores de atletismo de alto nível. Estou buscando várias frentes para tentar me sobressair na corrida sobre o gelo, tanto na largada quanto na resistência para aguentar a descida inteira”, explica.
O skeleton exige um treinamento dividido em duas partes. A primeira é o push, corrida inicial de 30 a 40 metros. A segunda é a descida completa da pista. Para isso, é preciso ter um corpo fortalecido capaz de suportar a pressão. “Fazemos poucas repetições para gerar maior explosão. Não quero virar fisiculturista; quero ser atleta. Por isso, foco em fazer menos repetições, mas com mais potência e velocidade”, acrescenta Eduardo.
Próximos ciclos
O objetivo imediato de Eduardo é garantir vaga em Milão-Cortina 2026. Porém, mesmo jovem, demonstra maturidade ao admitir que, caso não se classifique, já pensa no próximo ciclo olímpico.
“O único objetivo que tenho em mente é participar de uma Olimpíada. Se não for agora, espero mais quatro anos e tento de novo em 2030. […] No futuro, quero representar o Brasil e conquistar uma medalha para nós. Esse é o meu grande sonho.”
A Olimpíada de Inverno de 2030 será realizada nos Alpes Franceses.
Brasil em Milão-Cortina 2026
O Brasil já tem cinco vagas confirmadas: três no esqui cross-country (duas no feminino e uma no masculino) e duas no esqui alpino (uma em cada naipe). No feminino, Eduarda Ribera é a única classificada nominalmente. No masculino, Lucas Pinheiro Braathen, esquiador alpino norueguês-brasileiro, ocupa a 7ª colocação no ranking mundial e é outra aposta do país para os Jogos.
“Estou bastante feliz com tudo que está acontecendo no gelo. Quando a nossa confederação cresce como um todo, todos nós somos beneficiados. Vejo o esporte de inverno crescendo no Brasil, o que é sensacional. Mostramos ao mundo que, mesmo sendo um país tropical, conseguimos fazer acontecer”, ressalta Eduardo.
O skeleton
Na modalidade, o atleta desce a pista de cabeça para baixo em um trenó feito de metal e plástico. O equipamento inclui capacete de fibra de vidro, sapatilhas com miniagulhas na sola para tração na largada e o speed suit, macacão projetado para reduzir atrito.
Assim como o bobsled, o skeleton surgiu no século 19, com a popularização dos trenós como meio de transporte em regiões montanhosas. Alemanha, Áustria, Suíça, Reino Unido e Canadá dominam as competições internacionais, mas a modalidade tem se expandido para países como Coreia do Sul, Austrália e Brasil.
Cada pista apresenta características próprias, com curvas e extensões diferentes. A posição do corpo, os movimentos de cabeça e ombros e a pressão exercida sobre o trenó são determinantes para o direcionamento durante a descida.