As novas relações de trabalho foram tema do Debate Regional desta terça-feira (9), na Rádio Pelotense. Um relatório do Fórum Econômico Mundial sobre o futuro dos empregos indicou a tendência de criação de 78 milhões de novas oportunidades de empregos até 2030, mas também ressaltou a necessidade de qualificar as forças de trabalho urgentemente. Alguns dos empregos que avançam mais rapidamente estão nas áreas de tecnologia, dados e Inteligência Artificial (IA). Enquanto isso, no Brasil, a redução da jornada de trabalho semanal está em debate na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).
Um grande medo temor é a perda de empregos com a ampla aplicação do uso de IAs. No entanto, Paulo Roberto Ferreira Júnior, professor do Centro de Desenvolvimento Tecnológico (CDTec) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), garante que a capacidade humana é muito maior e melhor do que a dessas tecnologias, principalmente em tarefas ligadas à criatividade e à intelectualidade, além de situações de tomada de decisões éticas e sensíveis e nas quais é necessário o uso de empatia.
Ele explica que as IAs são eficientes para filtrar grandes quantidades de informações, já que possuem menos vieses e não se cansam. Dessa forma, o professor enxerga a essa ferramenta como uma forma de qualificar o trabalho humano e não acredita que elas acabarão com os empregos, mas que transformarão o mercado de trabalho – assim como outras tecnologias ao longo da história. “É uma ferramenta que qualquer pessoa pode usar para melhorar o seu trabalho, não só para acelerar, mas para poder se debruçar, entender e discutir melhor as coisas”, afirma ele.
Redução da jornada de trabalho
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 148/2015, do senador Paulo Paim (PT-RS), pretende reduzir gradualmente o limite semanal da jornada de trabalho de 44h para 36h, na escala de trabalho 4×3, sem redução no salário. Ele esteve em Pelotas na última semana para apresentar a ideia. A proposta é de que primeiro ano de implantação, a carga horária seria reduzida para 40h, depois diminuiria em uma hora a cada ano até chegar a 36h.
A justificativa é de que a redução poderia gerar novos empregos, melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores e aproximar o Brasil de padrões adotados em países europeus. De acordo com o senador, a jornada de 36h já é aplicada em diversos países, como Bélgica, Reino Unido, Espanha, Nova Zelândia e Alemanha. No entanto, a medida encontra resistência entre as lideranças do setor produtivo, que argumento que haverá aumento de custos.
O parlamentar avalia que a proposta de alteração para 40h poderia gerar cerca de 3 milhões novos empregos no país, o que poderia até ser duplicado caso haja redução para 36h. Entre os outros benefícios defendidos por Paim, estão a diminuição de faltas e acidentes no trabalho, maior produtividade, otimização de tarefas, redução do estresse e melhora na saúde mental, além da disponibilização de mais tempo para os trabalhadores ficarem com a família e para qualificarem seu trabalho por meio dos estudos.
Conforme Paim, a mudança não será aprovada até o final deste ano, mas e deve ter avanços em 2026, principalmente frente ao que ele define como precarização dos empregos e a revolução da IA.