“As mulheres sempre tiveram a veia, mas nem sempre se reconheciam como empresárias”

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“As mulheres sempre tiveram a veia, mas nem sempre se reconheciam como empresárias”

Silvia Leão - Idealizadora da Feira Vitrine Mulheres Empreendedoras

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Atualizado domingo,
07 de Setembro de 2025 às 08:49

“As mulheres sempre tiveram a veia, mas nem sempre se reconheciam como empresárias”
Feira promovida pelo grupo ocorre no Pelotas Parque Tecnológico. (Foto: Cíntia Piegas)

Segue neste domingo (7), no Pelotas Parque Tecnológico, a 11ª Feira Vitrine Mulheres Empreendedoras, evento que celebra o protagonismo feminino na economia da Zona Sul. Com entrada gratuita, a feira conta com cerca de 100 expositoras de Pelotas e cidades vizinhas, reunindo segmentos como artesanato, moda, gastronomia e produtos personalizados. A edição de setembro será a primeira com temática especial voltada às tradições gaúchas, valorizando a cultura local. A idealizadora do evento, Silva Leão, conta como começou o projeto.

Desde quando você começou a empreender e em que momento percebeu que esse movimento poderia mobilizar mais mulheres?

Empreendo desde criança. Sempre tive essa veia por influência dos meus pais, que eram empreendedores. Quando pequena, minha mãe tinha uma confecção e eu pegava os retalhos para fazer estopas de posto, costurando na máquina. Sempre gostei disso.

Em 2018, criei um grupo no WhatsApp para vender meus produtos, artesanato e do ramo da ótica. Abri o grupo para as amigas e, no fim daquele ano, resolvi deixar aberto para qualquer mulher interessada. A partir daí, o grupo cresceu, fizemos uma pequena feira e tudo foi se ampliando.

Você se inspira em outras mulheres nesse processo?

Sim. A mulher sempre teve dificuldade em ser reconhecida como empreendedora. O termo é recente. Antes era “artesã”, “vendedora de roupa”, mas raramente “empresária”. Isso também aconteceu com a minha mãe: ela começou como dona de casa, costurando para fora, e só depois meu pai percebeu o potencial e passou a vender as peças para lojistas. Sempre tivemos exemplos, mas nem sempre valorizados. Percebi que muitas mulheres têm essa veia empreendedora, mas não se reconheciam dessa forma.

Nos primeiros eventos que vocês organizaram, uma das dificuldades relatadas era a precificação. O que mudou desde então?

A precificação é um grande desafio. Muitas começam produzindo para si ou para presentes, sem considerar todos os custos. Por exemplo: alguém fazia crochê, calculava apenas o valor da linha e achava que era suficiente. Não incluía a agulha, as horas de trabalho, a criatividade. Hoje, com as capacitações que oferecemos em parceria com o Parque Tecnológico, muitas aprenderam a valorizar o próprio trabalho. O produto artesanal tem até mais valor que o industrial, porque é único, feito à mão. Isso foi um avanço enorme: elas estão se reconhecendo como empresárias.

Que conselho você daria para quem está começando a empreender agora?

Primeiro, criar uma marca. Não precisa registrar, mas dar um nome, uma identidade. Depois, escolher uma linha de produtos, não querer fazer de tudo ao mesmo tempo. Montar uma coleção, investir em redes sociais, perder o medo de divulgar. Se ninguém souber o que você faz, não tem como vender. Nosso grupo no WhatsApp tem mais de 600 mulheres que divulgam seus trabalhos, e muitas vezes uma consome da outra.

O grupo, então, também virou uma rede de conexões entre diferentes áreas?

Exatamente. Não temos só artesãs. Há lojistas, prestadoras de serviços, profissionais liberais. Temos escritoras, psicólogas, dentistas, massagistas. De certa forma, o grupo se transformou em uma comunidade: quando precisamos de algo, perguntamos ali e sempre tem alguém que pode ajudar. É uma rede que se completa, em que uma supre a necessidade da outra.

 

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