Estreia neste domingo (7), às 18h, em Pelotas, João, com direção e dramaturgia de Helena Prate. O espetáculo teatral leva ao palco o ator Joao Schmidt, na celebração dos seus 40 anos de carreira. Tendo a violência e o preconceito como pano de fundo, este solo convida o público a refletir sobre a homofobia histórica e suas consequências. A peça terá exibições gratuitas a partir deste domingo até o dia 29 deste mês. Sempre aos domingos e segundas-feiras, no Centro de Treinamento Tholl.
A proposta do roteiro mistura arte, memória e denúncia, ao resgatar a história de João Pedro dos Reis, brutalmente assassinado em 1897. Em atuação solo, Joao Schmidt conduz o público a uma viagem no tempo, ao revisitar os meandros de uma sociedade marcada pela opressão. A peça traça uma analogia entre passado e presente.
A realidade contemporânea revela um país com altos índices de mortes por LGBTfobia. “A peça surge como um instrumento de denúncia e resgate histórico de um personagem convenientemente esquecido na história de Pelotas”, destaca o ator. Conhecido pejorativamente como João Sinhá, Reis foi morto com mais de 50 punhaladas em sua casa, na área central da cidade.
A peça é escrita pela dramaturga pelotense Helena Prates, como forma de homenagear Joao Schmidt pelas suas quatro décadas de carreira. “Queremos instigar uma profunda reflexão sobre a memória histórica e a necessidade de dar voz aos relatos silenciados, transformando a arte em ferramenta de resistência e de busca por justiça”, relata Schmidt. O projeto foi contemplado pela Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB), através de edital da prefeitura de Pelotas.
Essa é a primeira vez que Schmidt está no palco sozinho. “Estou nervoso, que é normal, especialmente por estar em casa, né? Mas preparado”, comenta o ator sobre a novidade. A estreia de João foi em Porto Alegre, na sala Olga Reverbel, do Multipalco. “Fiz três noites lá, foram super boas, mas em casa eu vou receber os amigos, vou receber pessoas que eu gosto há 40 anos e que admiro”, confessa.
Dezesseis cenas
Em cena, o ator vive dois momentos: um em que ele é o personagem e outro em que ele narra os fatos. “O espetáculo tem 16 cenas: eu vivo ele (Reis) em dez cenas e em outras seis sou eu mesmo. Falo com a plateia. Tem uma luz ótima, em alguns momentos ela apaga ou fica acesa para palco e plateia, porque eu faço da plateia minha aliada e outras vezes eu julgo a plateia, porque o espetáculo vem falando sobre os crimes de homofobia”, antecipa. A iluminação e produção técnica são de Thiago Dockendorff.
Com essa temática contundente e atual, Schmidt não esconde que a peça tem cenas muito comoventes. “É pesado durante o tempo inteiro, tem uma cena que é muito dramática, que é o amor dele pela mãe, tem uma pegada bem dramática”, confirma.
Serviço
- O quê: espetáculo teatral João
- Quando: de 7 a 29 de setembro, aos domingos às 18h e segundas-feiras às 20h
- Onde: Centro de Treinamento Tholl, rua Anchieta, 925
- Ingressos: disponíveis gratuitamente através da plataforma Whizr.
