Amanda Santo se apresenta como uma artesã da escrita

Literatura

Amanda Santo se apresenta como uma artesã da escrita

Jornalista e cronista lança em Pelotas Não há loucas furiosas nesta casa, neste sábado (6), no centro cênico da Você Sabe Quem Cia. de Teatro

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Atualizado sexta-feira,
05 de Setembro de 2025 às 14:31

Amanda Santo se apresenta como uma artesã da escrita
Autora utiliza a prosa poética para falar sobre lucidez e loucura (Foto: Divulgação)

O que é a lucidez? Quando a loucura é viver quem se é? Na obra de estreia, a jornalista e cronista Amanda Santo reflete sobre questionamentos que atravessam e, muitas vezes, assombram o universo feminino. Na coletânea de 13 crônicas intitulada Não há loucas furiosas nesta casa (Cachalote, 2025), a escritora utiliza a prosa poética e a intertextualidade para confrontar temas pertinentes às mulheres, de ontem e de hoje. Em textos breves e cuidadosamente lapidados, a pelotense se apresenta como uma verdadeira artesã da linguagem.

Mestra em Escrita Criativa, Amanda mistura na obra diferentes estilos literários ao abrir as portas para a experiência feminina na literatura, desvendando sutilezas da vida cotidiana. Com sensibilidade, transforma observações pessoais em reflexões universais. Além do livro, ela compartilha suas crônicas e pensamentos na newsletter Com Verso, onde constrói uma conexão direta com seus leitores. O lançamento em Pelotas acontece neste sábado (6), às 19h, na Você Sabe Quem Cia. de Teatro, na rua Dom Pedro II, 458.

O título forte e provocativo do livro nasceu de uma pesquisa da autora sobre os manicômios femininos dos séculos 18 e 19. Amanda descobriu que, nesses espaços, quando não havia nenhuma paciente considerada perigosa, os registros eram marcados com a frase: “aqui não há loucas furiosas”. A expressão indicava que o hospício estava equilibrado, dentro daquilo que a sociedade entendia como ordem.

Lançando-se no universo literário, a autora observa que, embora as mulheres estejam publicando mais e conquistando espaço, ainda enfrentam desafios. (Foto: Divulgação)

Mas a reflexão sobre a fronteira entre loucura e sanidade, que atravessa a obra, surgiu de uma vivência pessoal da escritora: a doença da avó. “A primeira personagem que eu criei, que eu escrevi, foi inspirada na minha avó. Eu nunca conheci uma mulher tão lúcida quanto ela. Lúcida de si mesma, de quem ela era. Então, a lucidez era chamada de loucura. E quando ela foi perdendo, de fato, a lucidez, com a demência, aquilo mexeu comigo. E aí pensei: quando é que a gente, então, não é louca?”, relembra Amanda. Dessa forma, essa experiência íntima se conecta à pesquisa histórica.

Amadurecimento criativo

O livro começou a nascer há cerca de três anos. Desde então, Amanda passou por um processo de amadurecimento criativo. “Passei por muitas oficinas e acabei de concluir um mestrado lá em Coimbra, um caminho que eu fui trilhando, muito impulsionado por esse livro”, relata.

Lançando-se no universo literário, a autora observa que, embora as mulheres estejam publicando mais e conquistando espaço, ainda enfrentam desafios. Para ela, porém, nunca houve tanta liberdade criativa. “Historicamente, tivemos pouquíssimas de nós [mulheres] na literatura em relação aos homens. A Virginia Woolf tem um ensaio, Um teto todo seu, em que ela questiona: onde estão os nomes das mulheres nas bibliotecas?”, explica Amanda, referenciando a célebre escritora.

Hoje, destaca, o cenário é outro. “As mulheres têm uma liberdade de experimentalismo muito maior. Existe um movimento de escrita experimental feminista muito potente”, ressalta.

Lançamento

Atualmente morando em Coimbra, Portugal, Amanda está no Brasil para uma série de lançamentos. Para Pelotas a proposta é celebrar a literatura e a escrita feminina.

“Vai ter uma roda de conversa com todos os presentes, aberta a perguntas. Como é num centro cênico, eu achei que valia a pena a gente fazer algo muito diferente”, diz.

Antes da conversa, Amanda dividirá o palco com atrizes convidadas para leituras de alguns dos textos. Depois, haverá sessão de autógrafos e, mais tarde, um sarau. “Ou seja, a noite vai ser longa”, resume.

 

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