As consequências do julgamento

Opinião

Pedro Petrucci

Pedro Petrucci

Jornalista

As consequências do julgamento

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O julgamento de Jair Bolsonaro (PL), que se inicia hoje, não é apenas um evento jurídico, mas um momento político decisivo para o Brasil. Trata-se do primeiro julgamento criminal de um ex-presidente no país, com acusações de liderar uma “trama golpista”. O resultado, seja ele qual for, terá reverberações em todas as esferas da sociedade e da política, incluindo o cenário local de Pelotas.

Se Bolsonaro for condenado, o movimento poderá reagir de duas formas. A primeira é um reforço da narrativa de que o ex-presidente é vítima de perseguição política, de uma “ditadura do Judiciário”. Isso pode fortalecer um núcleo do movimento, tornando-o ainda mais engajado. Isso pode levar a um aumento da polarização e da radicalização política.

Por outro lado, a saída de Bolsonaro do cenário político, seja por condenação ou prisão, criaria um vácuo de poder na direita. Isso poderia impulsionar novas lideranças, como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro ou governadores e senadores alinhados à sua agenda, como o caso de Tarcísio de Freitas (REP), de São Paulo, que poderiam tentar capitalizar a base de apoio existente.

Essa disputa, aliás, já está em curso. Só em em termos de estratégia, pensando nas eleições de 2026, o dilema do PL pode ser de manter-se como um partido puramente bolsonarista ou buscar um caminho mais pragmático para atrair outras forças políticas. É perfeitamente plausível que a eleição presidencial estimule essa divisão, com uma ala moderada promovendo um descolamento gradual do ex-presidente.

O exemplo pode ocorrer em Pelotas no ano que vem. Ao que tudo indica, Marciano Perondi (PL), derrotado no segundo turno das últimas eleições municipais para a prefeito por poucos votos, não caminhará ao lado do vereador Marcelo Bagé (PL), o segundo mais votado no mesmo pleito, e liderança do PL na cidade.

Muro vai virar praça

Uma solução definitiva para o muro da Escola Estadual Dom João Braga está se desenhando. Em vez de simplesmente reconstruir o muro, há um projeto na Seurb que propõe recuar o muro e transformar a área livre em um novo trecho de um parque urbano. Seria uma extensão da Praça Palestina, na esquina das ruas Cassiano e Bento Martins. O projeto é orçado em R$ 80 mil. Além disso, necessita também de uma transferência da área do estado para o município. Dando certo, seria um grande acerto transformar um problema de segurança em área de convivência e lazer para todos. O vereador Antonio Peixoto (PSD) está acompanhando de perto.

Máscaras de oxigênio

Impactado pelo rimeiro episódio da série Máscaras de Oxigênio Não Cairão Automaticamente (HBO Max), terminei meu final de semana pesquisando sobre como a Aids e o HIV eram tratados politicamente nos anos 1980. Não me surpreendi, porém, como o negacionismo já imperava. Uma profunda matéria da Agência Senado é a prova. A forma como a doença, especialmente pela recusa em aceitar a ciência, nos mostra que o preconceito e a desinformação sempre existiram. Houve quem definiu a epidemia como uma “retribuição por pecados” e também críticas às campanhas para o uso de preservativo. Felizmente, a história não se resumiu a esses discursos. Vozes sensatas se levantaram e, com o tempo, venceram. Evidentemente não vou dar spoiler aqui, mas garanto que assistir a série é uma forma poderosa de entender o passado e fortalecer o futuro.

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