A fotógrafa e diagramadora Josi Homrich, criadora do projeto Memórias de Elefante, esteve em Pelotas para uma palestra e conversou com a Carol Graziadei, no programa Papo da Hora, na Radio Pelotense, sobre a importância de transformar fotos digitais em álbuns físicos. Com olhar direcionado pelo afeto, ela defende a preservação de memórias em papel como legado para futuras gerações.
Como você define o seu trabalho?
Eu digo que, através do Memórias de Elefante, ajudo as pessoas a cuidarem, organizarem e eternizarem suas histórias. Hoje todo mundo fotografa muito com o celular, mas as imagens ficam perdidas em meio a milhares de arquivos digitais. O álbum é a materialização da nossa história, é onde selecionamos o que realmente importa e damos um significado eterno àquelas lembranças.
E como surgiu esse olhar para o negócio?
Sempre gostei de fotografia. Na pandemia, estava em casa e comecei a organizar meus próprios registros. Fiz um curso de organização de casa e, quando questionei sobre o que fazer com tantas fotos, me falaram de empresas que trabalhavam com memórias escolares. Achei incrível e pensei: “vou fazer para mim”. Logo percebi que muita gente tinha o mesmo desejo, e nasceu o Memórias de Elefante.
Muitas pessoas acabam desistindo por falta de tempo para selecionar fotos. Como você lida com isso?
Esse é um ponto central. Eu mesma faço a seleção das fotos para as clientes, claro que sempre pedindo uma revisão. É um processo pensado para poupar tempo e tornar viável a realização do álbum. Também cuido da experiência da entrega: preparo a embalagem, coloco um chocolate, deixo um recado escrito à mão… Gosto que cada cliente tenha um momento especial ao abrir a caixa.
O álbum vai além do objeto físico?
Com certeza. O álbum gera conversa, aproxima as pessoas. Eu costumo dizer que não deve ficar guardado numa caixa, mas à vista, em uma mesa ou prateleira. Assim, qualquer pessoa pode folhear e reviver histórias. Detalhes como legendas escritas à mão tornam a experiência ainda mais pessoal. É algo que permanece para filhos, netos e até bisnetos.
Quem é o seu público hoje?
Em geral, mães e empresárias, pessoas na faixa dos 40 anos para cima, que querem preservar memórias para os filhos. Mas também tenho feito álbuns para negócios, clínicas, inaugurações. São registros que contam a trajetória de empresas e equipes. As possibilidades são muitas.
Qual é o maior legado que você sente ao trabalhar com memórias?
Eu digo que mexer com a emoção das pessoas é o mais importante. Muitas vezes entro na intimidade delas, recebo arquivos pessoais, e isso cria vínculos muito fortes. Tenho clientes que fazem vários álbuns por ano, outras que me procuram em momentos delicados da vida. É uma relação de confiança. Para mim, a fotografia eterniza, torna a gente presente para as gerações futuras.