Na próxima quarta-feira (3), a Aliança Empreendedora, ONG com mais de 20 anos de atuação no Brasil, promove em Pelotas um polo presencial de mentoria coletiva voltada à formalização de microempreendedores. O encontro acontece às 18h30min, no Senac RS, dentro do Pelotas Parque Tecnológico, e terá como público-alvo especial refugiados e migrantes que empreendem ou desejam empreender, oferecendo suporte para a formalização e fortalecimento de seus negócios. A iniciativa marca a expansão da metodologia da ONG para Pelotas e municípios vizinhos, como Rio Grande e São José do Norte. À frente da organização está a venezuelana Gioconda Alfaro, empreendedora, embaixadora da Aliança Empreendedora e que foi homenageada no Troféu Vitrine Rosa 2025. Desde 2023, ela atua trazendo oportunidades para a região e, agora, lidera o processo de implantação do polo local.
Qual a sua experiência com empreendedorismo e como você chegou até a Aliança Empreendedora?
Eu sou empreendedora desde 2015, antes mesmo de chegar ao Brasil. Trabalhei vendendo licores, bebidas alcoólicas, acessórios de celular e produtos de shopping. Também atuei por um tempo na área da beleza, como líder em uma rede de consultoras, e depois investi em comunicação, com podcasts e palestras. Em 2023, conheci a Aliança Empreendedora por meio de um curso de marketing via WhatsApp. Fiquei encantada com a proposta e passei de aluna a facilitadora, organizando formações em Rio Grande, onde morei até recentemente. Hoje, atuo como embaixadora da ONG, divulgando suas ações e apoiando atividades presenciais.
Qual a importância de voltar o olhar para refugiados e migrantes que empreendem ou desejam empreender?
Acredito que todo migrante já carrega em si um espírito empreendedor. Ao sair do seu país, essa pessoa precisa sair da zona de conforto, enfrentar barreiras de idioma, processos de documentação e muitas vezes não consegue exercer a profissão que tinha de origem. O empreendedorismo surge como alternativa e também como vocação. O que falta muitas vezes é alguém que mostre o caminho para a formalização, que explique os passos e dê apoio. É isso que buscamos com a mentoria coletiva: acolher, orientar e conectar migrantes e refugiados às oportunidades.
Quais são as maiores dificuldades enfrentadas por migrantes ou refugiados para se tornarem microempreendedores no Brasil?
Além das barreiras da língua e da documentação, há a sensação de isolamento. Muitos não sabem onde buscar informações ou acreditam que não terão apoio. Por isso, encontros como esse são tão importantes: além de aprendizado, oferecem rede de contatos e acolhimento. A Aliança Empreendedora acredita que todos podem empreender e aposta nos chamados empreendedores de base. Por isso oferece cursos gratuitos, processos seletivos e até apoio em políticas públicas. Já participei, inclusive, de fóruns nacionais em Brasília, que reúnem desde microempreendedores até representantes da política para pensar soluções. É esse olhar integral que faz a diferença.