Um estudo em colaboração entre a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a Embrapa Clima Temperado revelou que a Margarida-da-praia (Grindelia atlantica), que é uma planta nativa do Litoral Sul gaúcho, está “criticamente ameaçada de extinção”. Restam apenas duas populações, com pouco mais de 600 plantas, localizadas nos municípios de Pelotas, Rio Grande e Jaguarão. A principal população de Margarida-da-praia está concentrada na Praia do Laranjal.
O professor do Instituto de Biologia da UFPel, João Iganci, explica que um conjunto de fatores levou a espécie a ser classificada dessa forma crítica. “Além de ter uma distribuição restrita, a espécie vem sofrendo tanto por efeitos das mudanças climáticas, como o alagamento das áreas pelas enchentes, como por ação humana, já que a orla entre o Barro Duro e a Z3 foi ‘lavrada’ há alguns anos atrás, alterando o ambiente, excluindo espécies nativas e favorecendo a invasão por espécies exóticas”, afirma.
Qual o impacto da extinção?
Cada espécie ocupa uma função no ecossistema e interage com outras espécies da flora e da fauna. O professor da UFPel explica que, no caso da margarida-da-praia, a espécie é importante para os polinizadores e sua extinção pode impactar a manutenção de insetos polinizadores, incluindo abelhas, e também pequenos animais que se alimentam de suas sementes, como pequenas aves. “Ela tem uma função importante como fixadora de dunas, pois vive sobre a areia, nas partes mais altas. A forma de crescimento da espécie favorece a fixação da areia e ajuda a estabilizar o solo e formar o ecossistema. Ao remover esta vegetação, a areia pode ser facilmente levada pelo vento ou pela água”, detalha Iganci.
Estratégias para
preservação

(Foto: Divulgação)
O professor reforça que para preservar é necessário primeiro conhecer, então as ações de divulgação do trabalho são importantes para que a comunidade conheça a espécie e saiba que é uma espécie praticamente exclusiva de Pelotas e região.
Entre as principais propostas do estudo, estão a criação de uma unidade de conservação no Pontal da Barra do Laranjal e o uso paisagístico da espécie em áreas urbanas, como praças e jardins, aproveitando o seu potencial ornamental e o apelo para a educação ambiental. “Assim, esperamos despertar um sentimento de pertencimento para que as pessoas se identifiquem e prezem pela preservação da Margarida-da-praia”, diz o biólogo.