Mais uma vez, a questão ambiental atropela todas as outras pautas e a emergência nos coloca em duas posições, uma de ação, outra de reflexão. A recorrência se tornou cada vez maior e todos os anos enfrentamos alguma tragédia coletiva aqui na nossa região. Aliás, se tornou quase semestral a situação. Por isso, precisamos colocar esse tema acima de todos os outros assuntos e compreender a nossa relação com o meio ambiente com as mudanças climáticas e com as mudanças que precisamos fazer enquanto sociedade.
Dessa vez foi São Lourenço do Sul, mais uma vez o arroio extrapolou seus limites e tomou a cidade. Canguçu sofre com a destruição de pontes e estradas rurais, assim como Pelotas. Aliás, a previsão era de algo ainda pior, que por bem não se concretizou. Ainda assim, sabemos que a qualquer momento podemos nos deparar com mais uma emergência. Mais uma vez, também tivemos a sorte de não ter vidas ceifadas, mas famílias precisaram deixar suas casas, viram seus bens destruídos e passaram por um trauma terrível.
A relação ambiental no Estado se tornou um jogo de extremos. Há poucos meses noticiávamos as perdas em lavouras da própria São Lourenço do Sul por conta da seca, que também resultou em decreto de emergência. Agora, choveu e temos uma calamidade. Se não conseguimos reverter o caos climático hoje, precisamos ao menos estancar e pensar as cidades, os bairros e nossa relação com reciclagem, poluição e tudo mais. E, mais importante de tudo, precisamos formar uma próxima geração ainda mais engajada, consciente e capaz de resolver o estrago que criamos até aqui.
Hoje é irreal pensar em realocar bairros, em ampliar margens e reorganizar cidades. No entanto, isso é algo que em algum momento vai entrar no escopo. Precisamos entender onde está o limite entre até onde podemos ir e onde é o espaço que precisamos deixar unicamente para a natureza. Nossa infraestrutura deve ser pensada aliando essa consciência ambiental e com o objetivo de pensar em um mundo futuro onde não passamos mais por tantas tragédias em sequência.