Rio Grande registra duas mortes de ciclistas em 2025

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Rio Grande registra duas mortes de ciclistas em 2025

Em Pelotas, a ausência de dados oficiais impede mapeamento de riscos e ações de prevenção

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Rio Grande registra duas mortes de ciclistas em 2025
Pelotas tem casos de atropelamentos, mas sem dados oficiais (Foto: Jô Folha)

O aumento de acidentes envolvendo ciclistas tem chamado a atenção em cidades da região Sul. Em Rio Grande, dois óbitos foram registrados em 2025, enquanto em Pelotas a situação ainda é de incerteza, diante da ausência de dados consolidados sobre esse tipo de ocorrência.

O levantamento da Secretaria de Mobilidade, Acessibilidade e Segurança da Prefeitura de Rio Grande
mostra que as vítimas tinham 54 e 18 anos. Os acidentes ocorreram em vias urbanas asfaltadas, durante o dia e à noite, e em condições climáticas distintas. Em um dos casos, o motorista fugiu sem prestar socorro.

Em Pelotas, embora haja registros recentes de atropelamentos de ciclistas em ciclofaixas e ciclovias – como na rua Félix da Cunha e na avenida Domingos de Almeida, por exemplo –, não há números oficiais disponíveis. A prefeitura informa que a maioria das ocorrências fica sob a responsabilidade da Brigada Militar, o que dificulta o acesso imediato às informações e a identificação de pontos críticos.

“O grande sempre passa por cima de ti”, diz ciclista

A bicicleta é parte inseparável da rotina de Bráulio Gonçalves, morador do bairro Areal, em Pelotas. Em mais de 20 anos pedalando, ele já presenciou inúmeros acidentes e também foi vítima de dois atropelamentos. “Uma vez não me machuquei, mas na outra fiquei todo esfolado no braço”, relembra.

Os casos, segundo ele, acontecem principalmente em cruzamentos, quando motoristas ignoram a presença de ciclistas. “Já vi diversas vezes: o carro atravessa, não olha para os lados e aperta o ciclista. Derruba o ciclista. Geralmente é por imprudência”, avalia.

Braulio afirma que a sinalização precária e as condições ruins da malha cicloviária agravam a insegurança, mas destaca que o principal problema é a falta de cuidado de quem dirige: “A nossa via de bicicleta está horrível, cheia de buracos, mas na maioria das vezes é imprudência do motorista. O grande sempre passa por cima de ti”.

Risco para universitários

Aos 19 anos, Wesley Costa concilia a vida de universitário com os desafios de se locomover de bicicleta. Morador do Areal, ele pedala diariamente até a ESEF. O trajeto já trouxe experiências negativas e marcantes: “Já me envolvi em alguns acidentes. Um foi numa rótula, quando um carro me acertou e destruiu minha bicicleta. Em outro, o motorista passou no sinal vermelho e bateu em mim”, relata. Nos dois episódios, ele sofreu escoriações.

Os motoristas envolvidos, segundo ele, pararam para prestar socorro e arcaram com o conserto da bicicleta. Ainda assim, Wesley reconhece que a vulnerabilidade do ciclista é enorme diante do trânsito intenso. “Na bike, tu vai sempre te ferrar. Qualquer toquezinho [sic], a gente já cai. Essa é a preocupação que a gente tem que ter. E que o motorista também tem que ter com a gente.”

Infraestrutura e falta de dados

Atualmente, Pelotas conta com 67 quilômetros de ciclofaixas e ciclovias, com planos de expansão. Rio Grande também possui trechos de infraestrutura cicloviária, mas os acidentes fatais ocorreram mesmo em locais com limite de 50 km/h e onde havia estrutura de proteção.

Sem dados precisos em Pelotas e com mortes confirmadas em Rio Grande, a insegurança para quem utiliza a bicicleta como meio de transporte ou lazer segue como um dos principais desafios da mobilidade urbana na região.

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