O arroz é o segundo produto agrícola mais importante do Rio Grande do Sul, atrás apenas da soja. O Estado produz cerca de 70% do arroz do país e a maior parcela é na metade sul. No sábado (23), a indústria arrozeira foi pauta no programa Pensar Negócios Debate, da Rádio Pelotense. Os apresentadores Régis Nogueira, diretor executivo, e Deilon Cândido, gerente comercial do A Hora do Sul, do Grupo A Hora, debateram a produção, importância econômica, exportações, desafios e tendências de consumo do arroz com os entrevistados Lucas Silva da Silva, gerente de exportação da Arrozeira Pelotas, e o produtor rural e diretor comercial da Expoente Agronegócios, Guilherme Gadret.
A safra atual do arroz é de 970 mil hectares, o que representa um crescimento de 7,8% em relação ao ano anterior. No Rio Grande do Sul são 18 mil produtores em 180 municípios com cerca de 200 indústrias beneficiadoras. Com relação à geração de emprego e renda, o representante da Expoente Agronegócios destaca o papel importante do arroz. “São cerca de 30 mil empregos diretos. Então, se o arroz vai bem, a região consequentemente vai bem também”, disse.
Já o representante da Arrozeira Pelotas destacou que o produto ainda encontra dificuldades para a exportação por conta da influência do dólar e por conta deste direcionamento ser novo. “Estamos falando de 12 anos de exportação de arroz brasileiro e, conforme vamos aos mercados, nos destacamos pela qualidade”, afirmou.
Mercado
Entre os principais desafios para o setor arrozeiro, os entrevistados destacaram a necessidade de vencer as oscilações de mercado.
O desequilíbrio entre oferta e demanda pode gerar crises de preço. Além disso, o setor tem preocupações com os custos de produção e a previsibilidade do mercado. “Hoje o consumo do brasileiro de arroz está caindo ano a ano”, afirmou Gadret.
Inovação
Com a crescente demanda por alimentos com origem conhecida e menor uso de agrotóxicos, Lucas destacou que a Arrozeira Pelotas foi pioneira no arroz rastreado no Brasil, com QR Code que permite acompanhar a origem, manejo e segurança do produto. Essa rastreabilidade é um diferencial de confiança. “O consumidor quer saber de onde vem o que põe no prato”, disse.
As certificações internacionais aumentam a credibilidade e acesso a novos mercados. “As pessoas até desconhecem a tecnologia que é aplicada no agro, mas para nós é o dia a dia”, reforça Gadret.
Tarifaço e o futuro do arroz
Diante da taxação do governo de Donald Trump, de 50% sobre produtos brasileiros, o prejuízo no setor de arroz é estimado em 25 milhões de dólares anuais. Essa queda é estimada no impacto na competitividade do arroz brasileiro, que força o redirecionamento da produção para outros mercados ou o mercado interno, o que pode pressionar os preços no Brasil e gerar desequilíbrio entre oferta e demanda.
Atualmente, um mercado que está sendo explorado é o da América Central e do México. No entanto, o representante da Arrozeira Pelotas destaca a dificuldade de adaptação. “É muito difícil começar um mercado do zero. Ter que ir até o país, realizar acordos e convencer os clientes a comprarem o produto, isso demora mais, são alguns meses de trabalho para termos os primeiros resultados”, disse.
A colaboração entre produtores, indústria e pesquisa são o pilar do futuro para o setor arrozeiro, na perspectiva dos entrevistados. Uma importante pesquisa da Embrapa e do Instituto Riograndense do Arroz (Irga) é destacada como essencial para que a produtividade tenha sido triplicada em 30 anos.
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