Diretora do Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo da Universidade Federal de Pelotas (Malg/UFPel) desde dezembro do ano passado, a professora Lizângela Torres fala sobre os desafios do trabalho à frente do único museu de arte da Zona Sul e do projeto de ampliação do espaço da entidade, que hoje ocupa o prédio da antigo Lyceu da Universidade, onde funcionou a primeira Escola de Agronomia do município, em frente ao Largo do Mercado Central.
Quais são os desafios de liderar um museu de uma instituição tão importante quanto a UFPel?
A gente tem um público aqui muito voltado para as artes visuais, para mim o primeiro desafio foi esse: abrir esse público. Um museu de arte não é só para artistas, a arte é para todos. O segundo desafio que tenho, que é bem importante, é a ampliação do espaço físico. O Museu tem mais de cinco mil obras, é um acervo muito grande, a reserva técnica está muito apertada e o espaço destinado para a exibição, que são as galerias, também são poucas para o tamanho do acervo. Também pelo público que a gente tem, que é bem grande, o desejo que eu tenho é intensificar as ações educativas. Fazer esse contato com as escolas, ter gente aqui para ajudar ao público quando ele vem visitar. Tornar esse educativo mais potente, mais em contato com as pessoas.
Do que é composto o acervo do Malg?
Parte com as obras do acervo da antiga Escola de Belas Artes de Pelotas e com grande parte das obras de Leopoldo Gotuzzo, que fez uma grande doação das obras dele. Daí em diante começou um processo de aquisição por doações que fez crescer esse acervo. Temos um principal colecionador que é o Luiz Carlos Vinholes, que constituiu uma coleção bem plural, que tem arte contemporânea e muito da cultura japonesa. Depois temos as coleções século 20 e 21, a maioria de artistas da região e de arte contemporânea. Temos lacunas nesse acervo, por exemplo, temos pouquíssimas obras de mulheres negras, apenas duas, das artistas Magliani e Judith Bacci, e nenhuma de homens negros. Isso é algo que nos choca. Estamos tentando fazer programas de aquisição para melhorar essa representatividade.
Essa ampliação que tu queres pode ser feita aqui mesmo neste prédio? Essa ainda não é a casa definitiva do Malg?
Essa é uma casa ótima para o Malg, só que é um pouco menor do que a anterior, que era na Osório. Como temos esse espaço aqui atrás, que é o anexo do prédio do Lyceu, ele está em boa parte desocupado e a outra parte é a que a rádio ocupa. Ela vai ser deslocada para a antiga AABB. A Reitoria já nos passou o anexo, agora ele já é do Malg, só que está em processo de restauração.
Então o anexo vai ser mesmo ocupado pelo Malg?
Atualmente estou muito envolvida com isso. Estamos no início do processo, é muito dinheiro envolvido. Estamos trabalhando em busca de editais que o governo nos possibilita de incentivos para restauros de prédios. Estamos nessa fase de criação desses projetos para acessar esses recursos, para aí conseguir o dinheiro suficiente para fazer esse restauro. Vamos começar pelo telhado, que está com muitas infiltrações, e depois as adaptações das salas para as atividades do Museu.
Qual é a proposta para o anexo?
A ideia é passar o acervo todo para lá e aí sim ter um espaço para o educativo, que é uma sala para receber as escolas, as crianças trabalharem, ou mesmo ter a possibilidade de criar aulas teóricas para a comunidade e criar um auditório. São várias necessidades de ampliação, que a Reitoria entendeu que aquele seria o melhor espaço mesmo. A ideia é também fazer um pavilhão para a arte contemporânea. Essa ampliação vai ser muito boa para a cidade também, porque a gente vai ter mais um espaço expositivo com grandes dimensões, possibilitando que recebamos exposições grandes. O projeto é muito interessante e tem possibilidade efetiva de acontecer. O Sul do Rio Grande do Sul vai ter um lugar significativo para a arte.
Vocês têm o orçamento dessa obra?
Temos o orçamento do telhado. Esse orçamento está defasado, mas era em torno de R$ 1 milhão.