Prossegue até o final deste mês as gravações do filme Vó África – Em busca dos velhos trilhos, com direção e roteiro de Nando Ramoz e produção executiva de Gabi Barenho. As imagens da obra estão sendo captadas, entre outros locais, nas ruas da região do Porto, principal cenário do longa-metragem que será inteiramente rodado em Pelotas. O filme é produzido pela Nação Produtora em parceria com a Antro de Criação.
“As gravações são muito trabalhosas como sempre, mas tem sido até mais rápido do que a gente imaginava, nós não estamos atrasados no cronograma, os atores são maravilhosos, a gente sempre resolve com poucos takes, eu estou muito satisfeito”, conta o diretor Nando Ramoz, em entrevista em um dos sets de filmagem, na rua Benjamin Constant, junto ao Porto.
O clima frio do mês de agosto, com mais dias nublados do que ensolarados, não atrapalharam em nada as gravações. “A ideia é essa mesma, o filme é sombrio. O tempo nublado faz bem pra nós, não é um filme de pôr do sol, alegre, é um filme duro mesmo. Enterro em dia ensolarado não combina. O nosso filme tem toda a bota pesada da ditadura”, comenta o diretor.
Na trama criada por Ramoz, os personagens principais são a professor a Margarida, vivida pela atriz Roberta Rodrigues, e seu marido, o motorneiro Cyro Silva, interpretado pelo ator César Mello. A produção também conta com artistas e técnicos locais e de Porto Alegre.
O longa é ambientado entre o final dos anos 1960 e o início dos anos 1970, durante a ditadura militar, e mergulha nas histórias apagadas de personagens marginalizados. “A história da vó África revela um segredo no início e a Margarida e o Cyro entram numa corrida para descobrir o que é, porém a ditadura não quer que eles descubram, então eles passam a ser perseguidos”, conta o diretor.
Fora do eixo Rio-SP
O ator paulista César Mello conta que tinha estado em Pelotas há 20 anos, quando apresentava o programa Cozinha Brasil, que passou por dez estados. “Mas é claro que é diferente, quando você apresenta um programa fica três dias. Agora a gente muda locações, pode curtir a cidade”.
Mello diz que aceitou o convite para viver Cyro, especialmente por se tratar de um projeto fora do eixo Rio-São Paulo e dar a ele a oportunidade de contar uma história longe do seu local de origem. O ator diz que ao ler o roteiro ficou claro que, apesar da história ser universal, há subjetividades muito típicas do sul do país. “Eu falei para a Roberta, vamos entender mais esse roteiro, quando chegar lá na cidade. E de fato, você chega aqui você e vê o porque as pessoas agem como agem, falam como falam”, conta.
O ator diz que está conduzindo o personagem pela afetividade. “No ruim, quando o bicho pega, a gente se olha mais, quer os amigos por perto. Tô fazendo um Cyro que se envolve pelo olhar. A ideia é comunhão.”
Sentindo-se em casa
A atriz carioca Roberta Rodrigues visitou Pelotas há alguns anos, para um show da banda Melanina Carioca. Ela conta que está muito feliz pelo projeto. “Agora estou voltando fazendo cinema, que é a coisa que eu mais amo na vida, é um privilégio. Conhecer mais da cultura aqui Pelotas e conhecendo o César Mello que já virou meu par favorito, desculpem me os outros, eu estou muito feliz, estou me sentindo em casa, está sendo lindo”.
A atriz antecipa que a professora Margarida tem uma família linda. “É uma família preta, que tem um afeto que se estende para a Vó África que é uma avó de todos, dentro da escola em que ela trabalha. Quando acontece uma situação desperta algo na Margarida, que faz com que ela vá em busca de uma verdade”.