Sarcopenia: uma ameaça ao envelhecimento saudável
Um estudo feito por pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em São Paulo, e da University College London, no Reino Unido, mostra que a sarcopenia aumenta em 31% o risco de morte para pessoas idosas. Pessoas com essa doença acabam enfrentando a diminuição de massa magra e uma perda da potência muscular. Apesar de afetar majoritariamente pessoas com idade mais avançada, a doença também pode afetar pessoas de outras faixas etárias e ser agravada por períodos prolongados de internação.
A sarcopenia atinge ao menos metade das pessoas com mais de 80 anos e é definida como um distúrbio músculo esquelético progressivo e generalizado, associado a problemas adversos, incluindo quedas, fraturas, incapacidade física e mortalidade.
Dificuldade em atividades cotidianas é sinal de alerta (Foto: Jô Folha)
No entanto, a perda de massa muscular é um processo natural que acontece com o passar do tempo. A questão é quando essa perda passa a ser incapacitante e dificultar tarefas habituais.
Porque os mais afetados são idosos?
Segundo o especialista em Fisioterapia em Terapia Intensiva Adulta e coordenador do Núcleo de Inovação Tecnológica da Universidade Católica de Pelotas (NIT/UCPel), Luiz Alberto Forgiarini Junior, para um melhor diagnóstico, o ideal é realizar testes de força muscular e funcionalidade, além de exames como densitometria corporal total (DEXA). Forgiarini, alguns estudos defendem que a sarcopenia se encaixa na definição atual de Síndrome Geriátrica, devido à alta prevalência na população idosa, seus fatores contribuintes que fazem parte do cotidiano dessa faixa etária e por ser fortemente associada a desfechos desfavoráveis à saúde, como elevação do risco de queda e fratura, perda de funcionalidade, incapacidade, morbidade e mortalidade.
Nesta população a preocupação principal é o declínio funcional. Sendo assim, os familiares podem perceber as dificuldades dos idosos para enfrentar, principalmente, atividades que exijam resposta complexa do sistema muscular. “Consequentemente, com a diminuição de massa magra e aumento da composição adiposa, os idosos acabam dependentes de terceiros para realizar suas atividades rotineiras, gerando desconforto e desapontamento”, diz.
Jovens também podem desenvolver?
A perda de massa muscular, de forma gradual, acompanha o envelhecimento a partir dos 30 anos e intensifica-se nos 50. Com isso, a atenção para os fatores que podem levar ao desenvolvimento de sarcopenia é inerente às diferentes faixas etárias.
Os hábitos de vida dos jovens contribuem para o enfraquecimento muscular. O sedentarismo, a má alimentação e as dietas restritivas costumam ser os principais causadores da perda de massa magra nesta parcela da população. Esse cenário tem se agravado com o aumento do uso de medicamentos para emagrecimento, motivado tanto pela busca por uma melhor aparência física quanto pela melhora da saúde geral.
Sarcopenia em acamados
Para além de idosos com doenças incapacitantes, pessoas que são acometidas por quadros que levam à internação em unidades de terapia intensiva (UTIs) ou tem a locomoção comprometida, por exemplo, podem desenvolver quadros de sarcopenia. Condição que, aliada com a idade avançada, pode agravar ainda mais quadros de saúde com a perda de massa muscular.
O especialista em fisioterapia aplicada a terapia intensiva explica que pacientes que estão nestas condições podem ser afetados por imobilismo (aumento de tempo restrito ao leito) que é um fator independente para o desenvolvimento da sarcopenia e, por isso, a fisioterapia em conjunto com a equipe multiprofissional atua nas estratégias de mobilização precoce.
“Respirar era difícil, andar parecia um desafio enorme”
Com apenas 27 anos, Arthur Lacront enfrentou a maior batalha pela sua vida em uma cama de hospital. Sempre em movimento, jogava futebol, corria e andava de bicicleta. Porém, em 2022, uma condição de saúde o levou ao coma.
Após lutar pela vida, precisou encarar a reabilitação, com cerca de dez quilos a menos apenas de massa muscular. “Acordei mais fraco no hospital, respirar era difícil, andar parecia um desafio enorme e o equilíbrio quase inexistente. Com os procedimentos e fisioterapia, fui recuperando as forças”, relata o jovem.
Hoje, Arthur segue fazendo suas atividades normalmente e está plenamente recuperado. “Valorizo cada pequena conquista”, diz.
Exercício físico como tratamento
Um grande aliado não somente na sarcopenia, o exercício físico atua de forma global na saúde, prevenção de doenças e qualidade de vida. “Ele seria a prevenção e o tratamento, devendo ser encorajado a ser realizado”, afirma Forgiarini.
Qualidade de vida é garantida através da prática de atividade física (Foto: Getty Images)
O tratamento da condição é baseado em atividade física resistida e suplementação nutricional. No caso das pessoas idosas, o especialista reforça que a prescrição deve ser baseada em resultados funcionais e incorporar princípios de melhores práticas em relação à intensidade, volume e progressão, para garantir o envelhecimento funcional.
SINTOMAS
- Dificuldade em realizar atividades diárias (levantar de uma cadeira, caminhar)
- Perda de força
- Quedas
- Fadiga
- Diminuição da mobilidade
- Comprometimento cognitivo
- Depressão
CAUSAS
- Envelhecimento
- Inatividade física
- Má nutrição
- Doenças crônicas
- Inflamação
- Uso de medicamentos para emagrecimento
DIAGNÓSTICO
- Avaliação da massa muscular, força muscular (teste de preensão manual) e função física
PREVENÇÃO
- Manter-se ativo, com exercícios regulares
- Ter uma dieta equilibrada
TRATAMENTO
- Fortalecer os músculos para melhorar a função
- Seguir dieta rica em proteínas para a construção e reparação muscular
- Gerenciar outras doenças
- Evitar o sedentarismo
- Manter um estilo de vida saudável
