“Conseguimos, com nosso projeto de monitoramento, atrair os olhares do Inmet”

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“Conseguimos, com nosso projeto de monitoramento, atrair os olhares do Inmet”

Diulio Patrick - Meteorologista e integrante do projeto Monitoramento Meteorológico da Fronteira Sul

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“Conseguimos, com nosso projeto de monitoramento, atrair os olhares do Inmet”
Diulio e Fernando coordenam o projeto com outros meteorologistas (Foto: Arquivo Pessoal)

Projeto iniciado em 2016, dentro da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), o Monitoramento Meteorológico da Fronteira Sul surgiu de uma observação da falta de cobertura de estações meteorológicas na região. O grupo, formado pelos meteorologistas, ainda durante a graduação, Fernando Rafael, Gabriel Cassol e Diulio Patrick, nunca teve acesso a recursos. A partir da união dos mesmos, foi possível a instalação de seis estações meteorológicas em três cidades da região, o que tem qualificado as informações sobre o clima e ampliado as possibilidades de estudo e turismo da Zona Sul.

Um dos meteorologistas, Diulio Patrick, conversou com o A Hora do Sul sobre o desenvolvimento do projeto e seus próximos passos.

Quais cidades contam com esse monitoramento?

O maior foco foi em Pinheiro Machado e Herval, em diferentes locais dessas cidades, para conhecer o clima e depois, efetivamente, poder instalar as estações fixas.

A ampliação aconteceu em 2019 com as instalações efetivas nas duas cidades, além de Pedras Altas e Pelotas. Desde lá o projeto se manteve, com duas estações em cada cidade, sempre uma em um local mais alto do município e outra em um mais baixo, para medir as diferenças de temperatura.

Como o projeto vem contribuindo para o monitoramento meteorológico da região?

Com as estações lá a gente conseguiu registrar alguns fenômenos meteorológicos que só acontecem com frio extremo e que, até então, eram observados somente na Serra Gaúcha e Catarinense. Nós passamos noites em Pinheiro Machado, durante os frios extremos de 2019, com -8ºC registrando tudo o que estava acontecendo. Sempre houve uma desconfiança dos órgãos sobre a precisão dos dados, mas participamos de uma audiência pública na Câmara de Vereadores de Pinheiro em 2019, que teve a participação da população também, e nós comprovamos a veracidade dos nossos dados, temos até trabalhos científicos publicados comparando as unidades de frio. Isso foi importante porque possibilita que o poder público aproveite isso para turismo, para atrair investimento.

Como foi a captação de recursos?

A partir de uma comunidade de amigos fomos juntando recursos e foi possível comprar as primeiras estações meteorológicas. Tiramos do nosso bolso para fazer manutenções e também para custear nosso deslocamento. Nós passamos a contar com a colaboração das prefeituras, não em dinheiro, mas em infraestrutura, como caminhões para transportar postes ou pessoas para auxílio, além da comunidade dessas cidades que nos acolheu e abraçou a causa.

Quais os próximos passos do projeto?

Nosso objetivo agora é manter essas estações. A gente tem um trâmite junto com o Inmet para tentar anexar essas estações meteorológicas ao instituto, até para que toda a comunidade e os órgãos oficiais de metrologia reconheçam as estações como oficiais. Estamos torcendo para que isso aconteça e estamos felizes também porque o Instituto Nacional anunciou também novas estações no Estado e algumas dessas estações serão nessas cidades que a gente tem estação. A gente conseguiu, com o nosso projeto de monitoramento, atrair os olhares deles para a Zona Sul. Então, essa rede de monitoramento da metade sul vai ficar mais robusta e ficamos felizes de ter contribuído há alguns anos atrás plantando a sementinha.

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