Desativado há cerca de 30 anos, o relógio do Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul) no Campus Pelotas deverá voltar a funcionar, após iniciativa de professores e alunos para sua revitalização. Símbolo do prédio localizado na rua Duque de Caxias, e posto na fechada nos anos 1940 junto com a fundação da instituição, o relógio teve seu funcionamento prejudicado pela falta de manutenção e a ação do tempo.
A iniciativa de manutenção do relógio partiu dos alunos de eletrônica e eletromecânica, depois de uma conversa sobre o estado do objeto. Segundo Rafael Galli, professor do curso técnico em eletrônica e um dos coordenadores do grupo, o primeiro passo para a revitalização é avaliar toda a parte mecânica e eletrônica para determinar a extensão dos problemas. O objetivo é programar o sistema do relógio para que ele funcione de forma mais atualizada e alinhada à tecnologia hoje disponível.
Foram identificados diversos problemas, tanto na parte eletrônica quanto na mecânica, principalmente devido à umidade e pelo relógio ter permanecido parado por muitos anos. A partir do diagnóstico mais apurado, será elaborada uma estratégia de manutenção, que incluirá a recuperação ou substituição de peças mecânicas e a definição das possibilidades de modernização dos sistemas de controle elétrico e eletrônico.
Trabalho pode levar um ano
O projeto está na fase inicial, que envolve o levantamento dos problemas, a manutenção da parte mecânica e o estudo de possíveis técnicas de controle. Nele estão envolvidos cinco professores e quatro alunos.
Sobre a expectativa de retomar o funcionamento do relógio, o professor salienta que o trabalho estará focado em recuperar cada parte do relógio gradualmente, testando cada etapa para identificar possíveis falhas, como atrasos ou adiantamentos de horário. Com isso, o processo pode levar até um ano, considerando os ajustes e testes necessários. “Não somos especialistas em relojoaria e o trabalho é realizado em paralelo às aulas, sem dedicação exclusiva para esse trabalho. É importante ressaltar que se trata de um projeto inédito para todos os envolvidos, o que torna o processo cheio de imprevistos e desafios — uma verdadeira caixinha de surpresas”, afirma Rafael.
Até o momento, estão sendo utilizados recursos e equipamentos do próprio Instituto Federal. Com o desenvolvimento dos trabalhos, não é descartada a possibilidade de buscar outras verbas para a conclusão do projeto.
Além da união para a retomada de funcionamento de um dos símbolos para a comunidade pelotense, o professor do IFSul destaca o que o trabalho conjunto irá agregar na formação profissional e na vida dos alunos participantes. “Nosso intuito é fazer com que o aluno coloque o seu conhecimento teórico em prática e ao mesmo tempo resgatar a memória da nossa instituição”, destaca Galli.
Fundação
A Escola Técnica de Pelotas (ETP) foi criada em 1942 pelo Presidente Getúlio Vargas, depois de pedidos e ações coordenadas por Luiz Simões Lopes. Foi inaugurada em 1943 e em 1945 as atividades letivas tiveram início na instituição. É datada desta década, segundo apurado pelos estudantes, a colocação do relógio no local.
O primeiro curso técnico da ETP foi o curso de Construção de Máquinas e Motores, de onde se origina o atual curso de Mecânica Industrial, implantado em 1953. No ano de 1959, a Escola Técnica de Pelotas passa a autarquia Federal, e em 1965 passa a se denominar Escola Técnica Federal de Pelotas (ETFPEL). A estrutura eletrônica do relógio, que passará por atualização, é da década de 1960.
Hoje o IFSul é formado por doze campi, incluindo o de Pelotas que atende, em média, quatro mil alunos por ano. Em três pavimentos, a unidade tem 55 salas de aula, 120 laboratórios específicos e 41 oficinas, e soma quase 15 mil metros quadrados de área para o ensino profissional.