Livro sobre a vida de Judith Bacci espera por patrocínio

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Livro sobre a vida de Judith Bacci espera por patrocínio

Autor Jorge Braga ainda busca um maneira de imprimir e lançar a terceira obra da série infanto-juvenil As aventuras de Lu

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Atualizado sexta-feira,
25 de Julho de 2025 às 17:14

Livro sobre a vida de Judith Bacci espera por patrocínio
Autor escreveu sobre Luciana de Araujo e Miguel Barros (Foto: Reprodução)

A história de Judite Bacci é o terceiro livro da série As aventuras de Lu, escrita por Jorge Braga. A obra infantil está pronta, com ilustrações de Larissa da Silva e diagramação de João Sodré, porém o autor ainda procura por um patrocinador e/ou apoiador para fazer a impressão.

A proposta de Braga é que As aventuras de Lu relembre a trajetória de dez personalidades negras que tiveram relevância na sociedade pelotense. Na primeira edição, o autor contou a história de Luciana Leopoldina de Araújo, a benemérita que fundou o Instituto São Benedito, há mais de 120 anos.

Personalidades negras de Pelotas são a temática das obras

Na segunda obra o autor focou na trajetória do artista plástico e ativista do Movimento Negro, Miguel Barros (1913-2011). O livro chegou ao público em novembro de 2023, durante a 49ª Feira do Livro de Pelotas.

Todas as personalidades são apresentadas pela menina Lu, uma personagem criada por Braga para estimular público infantil, de oito a onze anos, à leitura. Com a Lu, uma menina negra com fita vermelha no cabelo, o escritor tem conseguido criar uma identificação com as crianças. “A Lu é atemporal, ela estava na história do início do século 20 e agora vai conduzir essa que se passa na década de 1980”, fala.

Braga conta que o primeiro livro foi um sucesso e mil deles foram comprados pela prefeitura para a distribuição em sala de aula. O próprio autor se prontificou em fazer uma primeira leitura para as crianças, nas escolas, de forma gratuita.

E contar histórias para as crianças e adolescentes, além de escrevê-las, Braga tem experiência. Há alguns anos ele integra o projeto Autor Presente do Instituto Estadual do Livro.

Por causa do sucesso com As aventuras de Lu e por esse trabalho disseminador da leitura, Jorge Braga foi Patrono das Feiras do Livro de Pelotas e em Arroio Grande, em 2022. “Não adianta você dar livros para quem não ler. São 25 anos de estrada, o livrinho pode ser muito bonitinho, mas tu pegas e vai colocar a estante”, fala sobre a importância de estimular a leitura.

O número dois teve a mesma trajetória. Recentemente o autor apresentou a obra para a nova administração municipal. “Eu mostrei para a vice-prefeita, ela adorou, mas não conseguimos avançar. Eu estou um pouco frustrado sobre isso, mas vamos tocar. Porém ainda não sei como vou produzir, estou tentando achar outros mecanismos”, conta.

Outras histórias

Braga chegou a fazer um crowdfunding, mas o valor arrecadado deu somente para pagar os profissionais que produziram o boneco. Mesmo assim, Braga não para. Além de As aventuras da Lu, o escritor está com outra obra praticamente pronta, mas para outro projeto infanto-juvenil. “É uma outra vertente é sobre escritores pelotenses que se tornaram nomes de escolas”, conta.

A primeira obra é sobre a professora Marília Poliesti, a segunda será Lélia Olmos. “A minha ideia é lançar na Feira do Livro de 2026”, fala.

Luta e resistência

Nascida em 1918 e falecida em 1991, Judith Bacci foi uma escultora de Pelotas cuja trajetória revela a luta e a resistência de mulheres negras no cenário artístico brasileiro. Em uma época marcada por forte exclusão racial nas instituições de ensino, Judith enfrentou o racismo estrutural e institucional que limitava o acesso de pessoas negras às academias de arte no país.

Funcionária da Escola de Belas Artes de Pelotas (EBA), onde trabalhou na zeladoria, Judith encontrou na observação uma forma de aprendizado. Foi acompanhando as aulas do renomado escultor Antônio Caringi que aprendeu, de forma autodidata, as técnicas da escultura. Ela e sua mãe também eram frequentemente convidadas a posar como modelos para os estudantes da instituição. “Ela foi uma excelente escultora dentro da sua limitação, por ter sido autodidata, literalmente, ela aprendeu vendo. O grande problema é que ela era negra, pobre e mulher. As pessoas admiravam a sua obra, mas não valorizavam”, comenta o escritor.

Além de sua atuação na EBA, trabalhou como laboratorista e auxiliar de professores no antigo Instituto de Letras e Artes (ILA) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). No entanto, apesar de sua contribuição significativa para as artes visuais, Judith Bacci não recebeu o reconhecimento merecido em vida. Recentemente a escultora foi relembrada pela Casa de Cultura de Pelotas e elevada a uma das patronas da entidade e Jorge Braga é seu embaixador.

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