Um levantamento do Instituto Pesquisas de Opinião (IPO) sobre os valores sociais e morais da população gaúcha revelou que quase 55% das pessoas se consideram conservadoras nos costumes. Outros 19,8% adotam uma posição intermediária e foram classificados como tradicionais em relação à pauta de costumes. Pouco mais de 25% se definiram como liberais.
Conforme a cientista social e diretora do IPO, Elis Radmann, a pesquisa revela que os valores sociais dos gaúchos têm peso maior na polarização política em comparação à preferência ideológica e partidária.
O levantamento fez a seguinte pergunta aos entrevistados: “Em geral, como o senhor (a) descreveria as suas atitudes em relação a valores sociais e morais?”. Além disso, foi proposta uma escala de 1 a 10, na qual quanto mais próximo de 10 o indivíduo se avaliasse, maior seu grau de conservadorismo, e quanto mais próximo de 1, menor esse grau. O resultado foi que 54,8% deram notas de 7 a 10, outros 19,8% de 5 a 6 e 25,4% de 1 a 4.
Pessoas consideradas com valores mais liberais geralmente são a favor de agendas de diretos como o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a legalização do aborto. Os conservadores, segundo Elis, tendem a rejeitar essas pautas em favor da tradição e da manutenção dos costumes.
Perfil
A pesquisa também se debruçou sobre o perfil da população gaúcha conservadora. O perfil médio do homem conservador indica pessoas com mais de 40 anos, renda em torno de três salários mínimos e, geralmente, de religião católica. “Ele traz todas as questões culturais e a forma como foram educados”.
As mulheres conservadoras têm uma faixa etária de 35 a 50 anos e em sua maioria são evangélicas.
Os jovens
Entre os jovens de 16 a 24 anos, a maioria tem uma relação com a religião católica e evangélica, porém sem necessariamente praticar a religião. São pessoas com forte apreço ao tradicionalismo gaúcho e se mostram insatisfeitas com a precarização da educação no país.
Conforme Elis, os jovens adultos entre 25 e 34 anos apresentam um perfil mais conservador influenciado pela pauta da segurança pública e da falta de qualidade da saúde pública. “E eles têm visão sobre as tragédias climáticas e que o governo não cuida disso, especialmente o governo federal”.
Além disso, a pesquisa expõe que 45% dos gaúchos não se identificam com nenhum partido. “Temos uma população conservadora e isso vai mexer nos aguapés do processo eleitoral, e vai jogar a força da polarização sempre com uma tendência mais à direita”, conclui Elis.