Hospital de Morro Redondo entra na lista do “Devedômetro” do Simers

Saúde

Hospital de Morro Redondo entra na lista do “Devedômetro” do Simers

Com salários atrasados desde março, Hoema enfrenta grave crise financeira

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Hospital de Morro Redondo entra na lista do “Devedômetro” do Simers
Receita proveniente de contratos com município, Estado e contribuições comunitárias cobre apenas cerca de 60% dos custos mensais. (Foto: Divulgação)

O Hospital Doutor Ernesto Maurício Arndt (Hoema), de Morro Redondo, entrou na lista do “Devedômetro” do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), que monitora instituições com pendências no pagamento de profissionais da saúde. A unidade enfrenta atrasos salariais desde março, situação que preocupa trabalhadores e coloca em risco o atendimento à população. Também estão na lista os hospitais de São Lourenço do Sul e Rio Grande.

Segundo a diretora regional do Simers, Renata Jaccottet, a entidade aguarda posicionamento do hospital. “São três meses de atraso: abril, maio e junho”, afirma. Um funcionário do Hoema, que preferiu não se identificar, informou que parte dos salários de março ainda não foi quitada. “Nos disseram que os valores pendentes devem ser parcelados.”

A crise não atinge apenas os médicos, sendo que os demais funcionários, inclusive ocorrendo rotatividade nos postos de trabalho. Segundo relatos, o piso da enfermagem está pendente desde 2024. A administradora do hospital, Elisa Elena Arndt, e o presidente Altair Faes explicam que a receita proveniente de contratos com o município, o Estado e contribuições comunitárias cobre apenas cerca de 60% dos custos mensais. Para manter o funcionamento, a direção tem recorrido a ações entre amigos, rifas, bingos, apoio da comunidade e verbas parlamentares. “O hospital já enfrentou momentos difíceis, mas há mais de 15 anos não víamos uma crise tão severa”, admite Elisa.

O prefeito de Morro Redondo, Rui Brizolara, reconhece a limitação dos recursos atuais. “A Secretaria Estadual da Saúde repassa R$ 35 mil, e a prefeitura contribui com R$ 115 mil mensais. A direção terá que reduzir custos, inclusive os destinados às internações”, pontua. Segundo ele, a solução seria um aumento nos repasses por parte do Estado.

Atrasos e impacto no serviço

Conforme a administração, a defasagem de recursos compromete pagamentos, encargos trabalhistas, aquisição de medicamentos e serviços essenciais como energia, água e internet. “Estamos em diálogo com os sindicatos para buscar uma solução adequada. Nossa equipe jurídica e financeira trabalha para definir um cronograma de regularização que evite prejuízos à qualidade do atendimento”, afirma Elisa.

Fundado em 1957, o Hoema chegou a ficar inativo por um período e atualmente passa por um processo de reestruturação. Desde 2021, a nova gestão busca habilitar 24 leitos clínicos pelo SUS e retomar as internações. No momento, o hospital oferece pronto atendimento ambulatorial para moradores de Morro Redondo e também de Pelotas, Canguçu, Capão do Leão e Cerrito. A efetivação dos leitos, no entanto, depende de trâmites burocráticos e da consolidação de um plano de viabilidade financeira.

Apoio

A direção informa que mantém diálogo com a Secretaria Estadual da Saúde para redimensionar a contratualização e garantir um aumento nos repasses. Também há tratativas com o governo federal e com o município em busca de mais apoio financeiro. Além disso, negociações estão em andamento com instituições privadas e parceiros estratégicos. A intenção é firmar convênios e captar recursos adicionais para investimentos estruturais e assistenciais. “Essas ações são essenciais para garantir a continuidade de um atendimento humanizado e de qualidade, preservando o papel do hospital como referência na região”, afirma Elisa Arndt.

A instituição aguarda ainda a liberação de verbas provenientes de emendas parlamentares. A previsão é de que os recursos estejam disponíveis a partir de setembro, após a conclusão dos trâmites orçamentários.

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