Pelotas volta a sediar o Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado, que será realizado de 12 a 15 de agosto, nas dependências do Sesi. O evento contará com a participação de representantes da Itália, Colômbia, Argentina, Uruguai e Paraguai, e terá como tema “Semeando conhecimento, alimentando o Brasil”.
Com quatro dias de intensa programação, o congresso incluirá painéis, minicursos e oficinas tecnológicas. A expectativa da comissão organizadora é receber cerca de 600 participantes, entre pesquisadores, estudantes, técnicos e produtores rurais.
De acordo com o presidente da Sociedade Sul-Brasileira de Arroz Irrigado (Sosbai), André Andres, em entrevista à Rádio Pelotense, haverá quatro sessões ocorrendo simultaneamente, além de um espaço reservado para expositores ligados à cadeia do cultivo. Os estudantes também contarão com um espaço especial para a apresentação de trabalhos.
A Conferência Magna de abertura terá como tema o slogan do evento — “Semeando conhecimento, alimentando o Brasil” — e será conduzida pelo CEO da Fiergs, Paulo Herrmann. A sessão ocorrerá no dia 12 de agosto, às 18h, no auditório do Sicredi, em Pelotas.
Outro destaque da programação, segundo Andres, será a participação do italiano Massimo Biloni, da Italian Rice Experiment Station. “Temos uma das palestrantes, da Colômbia, que abordará o melhoramento genético. Já Biloni, no primeiro painel, falará sobre estratégias de divulgação do arroz, mostrando como eles trabalham com donas de casa, chefs de cozinha, imprensa e outras formas de consumo”, explica.
A programação completa do evento está disponível no site congressoarroz2025.com.br, onde também é possível realizar as inscrições.
Cenário econômico
Segundo Andres, apesar de o produtor aumentar sua produtividade ano após ano, impulsionado pelo uso de tecnologias e pelas pesquisas, os problemas na política agrícola são recorrentes, independentemente do governo. “Somos sempre reféns, seja de uma política externa ou interna, como estamos vivendo agora”, afirma.
Ele cita que questões como a queda de preços devido às chuvas do ano passado — que prejudicaram a cadeia produtiva —, além de acordos de importação do cereal firmados pelo governo e da alta produção dos países do Mercosul, têm afetado diretamente os preços pagos aos produtores. “Dados mostram que a chegada desse arroz, especialmente do Uruguai, ao nosso mercado vem prejudicando o preço praticado no Brasil”, completa.
Na década de 1980, o Brasil era importador de arroz. Com o trabalho desenvolvido pela Embrapa e pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), foi lançada a primeira cultivar brasileira, que representou um divisor de águas para o setor. “Isso fez com que dobrássemos a produtividade naquela época. Em 2002, produzíamos 5 toneladas por hectare; antes, a produção girava em torno de 3 toneladas. Com uma nova tecnologia, saltamos para 7.500 quilos, aumentando novamente em 50% a produtividade — tudo isso sem ampliar a área plantada”, relata.
Na safra 2024/2025, foram colhidas quase 9 toneladas por hectare, mantendo a mesma área. “Todo o investimento que vemos em pesquisa é o que traz esse retorno ao produtor”, destaca.
Consumo do arroz
De acordo com Andres, o consumo de arroz no Brasil vem caindo, devido à concorrência com alimentos de preparo rápido e ao desestímulo ao consumo de carboidratos. “O arroz é um alimento barato. Hoje, temos estudos — que serão apresentados no Congresso — sobre estratégias para aumentar o consumo e formar novos consumidores. No RS, o governo começou a levantar dados sobre o consumo na merenda escolar, tanto no estado quanto nos municípios, e está avaliando outras formas de estimular esse aumento”, afirma.