O edital do leilão de uma área na ponta sul do Porto de Rio Grande deve ser lançado em até 60 dias. O espaço é cobiçado pela multinacional chilena CMPC, que pretende instalar no local um terminal de celulose para escoar a produção de uma nova fábrica a ser construída em Barra do Ribeiro, com aporte previsto de R$ 24 bilhões – o maior investimento privado em andamento no Brasil.
Segundo o gerente de Planejamento da Portos RS, Fernando Estima, o processo de concessão está em fase final de tramitação junto à Secretaria de Patrimônio da União (SPU). A regularização fundiária da área deve ser concluída até setembro, permitindo a publicação do edital e a abertura da consulta pública.
“Está muito bem encaminhado”, resumiu Estima – que se reuniu com líderes do projeto na última quinta-feira, em Porto Alegre. Conforme ele, o governo federal e do Estado manifestaram apoio formal ao projeto, considerando seu potencial de transformação econômica para o Rio Grande do Sul.
A empresa que vencer o leilão deverá investir R$ 800 milhões nos primeiros quatro anos na construção de um terminal exclusivo para celulose, com dois berços dedicados na ponta sul.
Investimento bilionário
Principal interessada no leilão, a CMPC pretende instalar em Barra do Ribeiro uma nova planta de celulose, com produção anual estimada em 2,5 milhões de toneladas. O escoamento da produção será 100% hidroviário, partindo do terminal a ser construído em Rio Grande.
“Sem esse terminal, não tem como fazer o investimento. Isso é chave para nós”, declarou o diretor-geral da unidade de Guaíba da CMPC, Antônio Lacerda, durante o anúncio do investimento, em 2024. Segundo ele, o cronograma da nova fábrica depende diretamente da definição sobre a área portuária.
Construção
A construção está prevista para começar em 2026, com início de operação em 2029. A obra deve gerar 12 mil empregos temporários e até 5 mil postos diretos e indiretos quando a planta estiver em funcionamento.
Impacto regional
Como contrapartida pela concessão, a CMPC se comprometeu a financiar o aprofundamento do canal de acesso ao porto, obra que beneficiará todos os oito berços da ponta sul. “A QGI [área que será licitada] fica com dois berços e os outros seis berços [também] vão se beneficiar da profundidade que tem que ser melhorada […] Já começamos o processo de licenciamento ambiental”, afirma Estima.
O projeto também prevê intervenções logísticas em Pelotas, onde será necessário criar um novo acesso viário ao porto. A movimentação da hidrovia deve dobrar, passando de dois milhões para quatro milhões de toneladas por ano.
Com a operação plena da planta e do terminal, a estimativa é que o Porto do Rio Grande movimente mais de 4,5 milhões de toneladas de celulose por ano até 2035. A empresa vencedora do leilão também deverá pagar cerca de R$ 1,8 bilhão em impostos ao longo do contrato.
Histórico da área
A área que será leiloada foi anteriormente concedida à Construtora Queiroz Galvão, em 2005, com o compromisso de manter um faturamento mínimo de R$ 150 milhões anuais e gerar mil empregos permanentes. Com as atividades paralisadas desde 2017, a empresa não cumpriu os termos do contrato, o que resultou na rescisão da concessão.