Uma nova usina solar está prestes a mudar o cenário da geração de energia em Pelotas. Fruto de uma parceria entre a Ludfor, empresa especializada em soluções de energia renovável, e a Gebras, focada em engenharia e projetos energéticos, o empreendimento terá potência de 3,15 MWp e deverá gerar mais de 4,3 milhões de kWh por ano. O suficiente para abastecer cerca de 2,5 mil residências anualmente.
De acordo com o diretor comercial da Gebras, Fabrício Irribarrem, a instalação será na Estrada da Gama, no Monte Bonito, e integra uma joint venture firmada entre as duas empresas em 2024, com foco em engenharia, regulação e sustentabilidade. A previsão é de que a usina entre em operação até março de 2026. A assinatura do contrato foi no dia 3 de julho, juntamente com o diretor da Ludfor, Douglas Ludwig.
Além da contribuição à matriz energética limpa do Estado, o impacto ambiental também é expressivo: a previsão é de que sejam evitadas cerca de 1.735 toneladas de CO2 por ano, o equivalente ao sequestro de carbono feito por mais de 86 mil árvores. A usina será conectada à rede da CEEE Equatorial, concessionária responsável pela distribuição da energia. A companhia, segundo as empresas, também será responsável por obras de estruturação do alimentador ao qual a usina estará ligada.
Para o prefeito de Pelotas, Fernando Marroni (PT) o empreendimento é muito importante, e que todas as cidades possam contribuir com energia limpa para a transição energética. “Assim, nós agimos localmente para enfrentar um problema global, o problema das mudanças climáticas.”
O diretor de Solar do Sindienergia RS, Frederico Boschin, vê a implantação da nova usina solar como um passo importante na ampliação da matriz energética limpa no Estado.
“Trata-se de uma usina de grande porte e um empreendimento significativo, especialmente para a Zona Sul, que ainda carece de investimentos em infraestrutura energética”, destaca. Ele ressalta que a presença de duas empresas gaúchas à frente do projeto fortalece o desenvolvimento regional e contribui para a geração de empregos locais, principalmente durante a fase de construção.
Além da energia limpa, o projeto colabora com a melhoria da infraestrutura elétrica local, ao injetar na rede uma reserva que pode qualificar a distribuição para outros consumidores da região. “A energia gerada será injetada na rede da Equatorial, e utilizada por meio do sistema de compensação de créditos, semelhante ao que acontece em residências com painéis solares”, explica.
Etapas e desafios
Conforme Irribarrem, os projetos executivos da usina já foram finalizados, e a próxima etapa envolve a preparação da área e montagem das estruturas. “Um dos principais desafios enfrentados é a definição de pontos robustos para conexão, além da necessidade de conhecer o mercado que será atendido pela geração.” As condições climáticas de Pelotas, especialmente os períodos mais longos de chuva no inverno, também impactam tanto o cronograma das obras quanto a capacidade de geração.
Geração de empregos
Durante a construção, estima-se a geração de cerca de 30 empregos diretos, além de vários postos indiretos. Já em operação, a usina deve beneficiar diretamente os consumidores por meio da geração distribuída, contribuindo para a estabilidade da rede e para a redução de impactos ambientais.
Pelotas no mapa da transição energética
A localização estratégica da cidade, próxima a lagoas, com boa incidência de ventos e logística portuária, coloca Pelotas em posição de destaque no contexto estadual e nacional da transição energética. Além da energia solar, há potencial para o desenvolvimento de projetos ligados ao hidrogênio verde, considerada uma das grandes apostas do setor energético global.