A primeira edição do Festival de Cinema de Jaguarão fechou o período de inscrições com o total de 996 filmes para a mostra competitiva. As obras são oriundas de diferentes cidades brasileiras e de mais sete países latino-americanos. O evento ocorrerá entre os dias 12 e 15 de novembro.
De acordo com os organizadores foram mapeadas a origem dos concorrentes. São eles: Brasil (967 filmes), Argentina (19), Uruguai (8), Peru (6), Chile (3), Bolívia (2), Cuba (1) e Venezuela (1). Para Renata Wotter, produtora executiva do Festival, o grande interesse na participação do evento confirma o potencial e a diversidade do cinema local e latino-americano. “Estamos muito felizes com esse retorno que consolida a nossa proposta de um evento cultural dedicado à valorização e difusão da produção audiovisual do Rio Grande do Sul e da América Latina”, destaca.
O cineasta e produtor cultural pelotense Alexandre Mattos Meireles, que faz a direção artística do Festival, juntamente com o produtor de audiovisual Chico Maximila, diz que a procura não chegou a ser uma surpresa. Para o diretor, a Lei Paulo Gustavo tem influenciado essa produção. “Ela fez com que fosse produzido muitos filmes em todo o Brasil. Cidades que talvez nunca tivessem realizado um filme, um audiovisual, conseguiram executar. A gente tem acompanhado outros festivais no Rio Grande do Sul e no Brasil que têm tido um número incrível de inscrições”, comenta Meireles.
Diálogo intercultural
O Festival propõe duas mostras competitivas que celebram o cinema em suas múltiplas formas de expressão: a regional e a latino-americana – ambas com foco na diversidade de narrativas e na promoção do diálogo intercultural. Entre os curtas-metragens submetidos à avaliação inicial, 880 são voltados à mostra latino-americana e 116 filmes à regional – todos filmes do Rio Grande do Sul.
Os participantes têm duração máxima de 20 minutos, de acordo com o edital, e foram divididos em quatro categorias: ficção, documentário, animação ou experimental.
Os filmes serão avaliados tecnicamente em nove categorias (filme, direção, atriz, ator, direção de arte, direção de fotografia, roteiro, montagem e trilha sonora). Os melhores serão premiados com o troféu Uma Terra Só, que homenageia o jaguarense Aldyr Garcia Schlee. O escritor e jornalista escreveu obra homônima que destaca a integração entre as cidades de Jaguarão, no Brasil, e Río Branco, no Uruguai.
Sobre a escolha por Jaguarão como sede do Festival, Meireles explica que dois fatores muito importantes influenciam a decisão. O primeiro deles se relaciona ao próprio município histórico. “É uma cidade também que tem essa questão de fronteira. A fronteira com o Uruguai e todo esse debate fronteiriço que a gente vem, já está há algum tempo batendo nesse tema”, fala.
Fronteiriços
O tema foi levantado no projeto Fronteiriços, no qual Meireles dirigiu um curta. O filme de 2018, dirigido por Edson Rodrigues, explora a temática da diversidade cultural e as singularidades da região da fronteira entre Brasil e Uruguai, através de cinco curtas-metragens que retratam diferentes sub-regiões da área.
“A gente está localizado aqui a 200 quilômetros da fronteira e, então, essa condição de ser fronteiriço também nos afeta de certa forma.” A entrada da Sociedade Independente Cultural de Jaguarão, parceira desde o filme Fronteiriços, é outro motivo. “É uma entidade, digamos assim, que está há muito tempo ligada às coisas do Jaguarão. Eles fazem Jaguararte, têm projetos interessantíssimos por lá, então essa parceria foi fundamental. A gente não tem dúvida que essa parceria com a SIC que talvez tenha possibilitado essa aprovação deste festival. A cidade também desde o início abraçou a ideia de ter um festival lá. Tem também o nosso querido Aldyr Garcia de Schlee. A obra dele fala muito das coisas fronteiriças. Dessa relação desse espaço que ele chamou muito bem de Uma Terra Só”, diz.
Com projeto aprovado e financiado pela Lei Paulo Gustavo (LPG), por meio do Edital 14/2023, o Festival de Cinema de Jaguarão é uma realização da Sociedade Independente Cultural (SIC), de Jaguarão, com produção de Ricardo Almeida, produção executiva de Renata Wotter, direção artística de Alexandre Mattos Meireles e Chico Maximila e coordenação local de Santiago Passos. A assessoria de imprensa é da agência Satolep Press, com o design de Valder Valeirão e Ana Júlia Freitas, que também assina a gestão de redes sociais.