Nesta sexta-feira, aconteceu um daqueles casos em que a pressa mostrou-se, mais uma vez, inimiga do bom jornalismo. O caso envolvendo o suposto acidente com a direção do Grêmio Atlético Farroupilha foi repercutido a manhã inteira por blogs, páginas e até alguns veículos de imprensa. No entanto, chamou atenção da nossa redação a falta de registros junto à Polícia Rodoviária Federal. E, após uma rapidíssima checagem, notou-se que as fotos disparadas em grupos de WhatsApp e replicadas pelas páginas eram de acidentes antigos.
Sem entrar no mérito do motivo pelo que isso aconteceu, ainda muito nebuloso, nem se houve mentira, má fé, confusão ou qualquer coisa, é fato de que o jornalismo tem uma tendência hoje a relaxar diante da facilidade de receber a notícia pronta, coberta de “segundo”, “de acordo” e “conforme”. E a imprensa precisa refletir e ser autocrítica. O advento da facilidade da comunicação, de certa forma, tornou algumas coisas mais preguiçosas. A checagem, é uma delas.
Nesse caso, não erramos, mas podemos vir a errar em um próximo momento e isso é inaceitável. O grande diferencial que um órgão sério de comunicação tem hoje não deve ser a agilidade, nem a pressa. Deve ser a confiabilidade. Em tempos de facilidade de se obter informação a qualquer canto, um jornal, rádio ou portal sério tem por função ser o fiador da garantia de que aquele fato foi apurado e publicado sob uma curadoria confiável. É quase um serviço de tranquilização para a população: posso ter certeza nisso. E, com o turbilhão que são os dias, isso é fundamental.
Os jornais e o jornalismo não são livres de erros, e muito menos de críticas. Pelo contrário, a credibilidade vem da informação com olhar crítico, como diz o bordão. “Se duas pessoas discutem se está chovendo ou não, o papel do jornalista é abrir a janela e ver”. Ter essa compreensão é o caminho para o nosso setor. Entender isso é o que fará a imprensa manter-se viva e forte.