Diminuição no número de usuários preocupa consórcio do transporte coletivo

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Diminuição no número de usuários preocupa consórcio do transporte coletivo

Conforme Enoc Guimarães, redução no número de passageiros pagantes e aumento de isentos gera desequilíbrio para o custeio do sistema

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Diminuição no número de usuários preocupa consórcio do transporte coletivo
No ano passado, foram 1,7 milhão de passagens. (Foto: Jô Folha)

Para manter a tarifa dos ônibus da linha rural a R$ 6, valor paritário ao urbano, até o fim do ano serão investidos entre a prefeitura de Pelotas e o consórcio do transporte coletivo R$ 3,7 milhões. Valor que tende a ser cada ano mais elevado diante da crise do sistema do transporte público na cidade, assim como em todo o país, segundo o diretor-executivo do Consórcio do Transporte Coletivo de Pelotas (CTCP), Enoc Guimarães. “O serviço do transporte coletivo passou por transformações no mundo inteiro. O transporte foi criado em um sistema coletivo, ou seja, ele tem que levar o maior número de pessoas tentando fazer o menor custo e dividir o custo entre os usuários”, conforme Guimarães, o princípio que fundamentava o sistema deixou de funcionar há alguns anos.

A pandemia propiciou novos hábitos, como o trabalho em home office, e com isso a diminuição vertiginosa de usuários no transporte coletivo. Porém, isso acentuou apenas uma tendência. O número de passageiros já estava em declínio antes mesmo do período emergencial. Enquanto em 2016, 2,2 milhões de pessoas pegavam ônibus por mês na cidade, em 2019, o número caiu para 1,7 milhões. Panorama que pode ser explicado pela popularidade do transporte individual por aplicativos. “Se trabalha muito remotamente e se desloca menos. Prova disso é que hoje nós temos dois terços da frota que tínhamos antes da pandemia e transportamos metade do que se transportava”, diz Guimarães em entrevista a rádio Pelotense.

O segundo maior motivo para o desequilíbrio do custeio do transporte coletivo, segundo o diretor-executivo do CTCP, seria o crescimento do número de usuários com direito a gratuidade por idade. Para Guimarães, a atual faixa etária de 65 anos para ter isenção deveria ser elevada devido ao aumento da expectativa de vida. “Nos últimos 30 anos, a população aumentou a expectativa de vida em quase 20 anos e isso tem um grande impacto no transporte coletivo. São pessoas ativas economicamente, que trabalham”. Atualmente, os passageiros idosos com gratuidade, representa um terço dos usuários em Pelotas. Sendo o valor da tarifa dos beneficiados dividida entre os usuários pagantes. “Aqueles usuários que estão pagando a tarifa, pagam a sua e mais meia. Se todos pagassem, a tarifa seria de R$ 4 para todos”, aponta.

A esses desafios ainda se somam outras dificuldades como o aumento do preço do litro do diesel, hoje equivalente a uma tarifa, e da manutenção da frota. Mesmo com a diminuição da disponibilidade de linhas e horários – o que afeta os passageiros diários -, e medidas como a retirada de cobradores, o sistema do transporte coletivo ainda não se sustenta. “É o desafio que temos tido a cada ano. No transporte rural de 30 mil usuários por mês, se está colocando quase R$ 7 por passageiro transportado para manter o equilibro tarifário”. A cada data-base dos trabalhadores do transporte coletivo e o período do reajuste da tarifa, os impasses para manter o equilíbrio financeiro tendem a se intensificar.

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