Conhecido no Colégio Gonzaga como “avô chorão”, o advogado Marco Antônio Gravato observa com satisfação os passos seguidos pelas netas em seu colégio do coração. A história da família Gravato com a escola começa em 1934, com Manuel Tavares Gravato, que veio de Portugal para Pelotas, e prossegue até os dias de hoje com a pequena Manuela Gravato Leal, de 5 anos, aluna do Pré-B.
Ex-aluna do colégio, Silvia Gravato Leal também compartilha com o pai e o avô o amor pelo Gonzaga. A fisioterapeuta conta que, quando engravidou de Manuela, a filha não teve outra opção de escola, pois a escolha já estava definida. “Eu brincava com minhas filhas, dizendo que, se colocassem minhas netas no Gonzaga, eu pagaria a mensalidade”, conta Marco Gravato.
Além de Manuela, estudam atualmente no Colégio Gonzaga as netas Mariana, Maria e Julia. Os feitos realizados pelo bisavô e pelo avô ainda hoje são contados aos integrantes da família. Manuel Gravato, por exemplo, foi um aluno de destaque. Formado em 1943 pela Faculdade do Gonzaga — a Faculdade de Economia Irmão Fernando —, foi idealizador do Parque Esportivo Gonzaga e presidente do grêmio estudantil.
“Nessa época, a Segunda Guerra Mundial estava em ebulição. Ele, como líder dos alunos, promoveu a maior campanha de arrecadação de borracha do país para fornecer aos aliados”, relembra Marco. Manuel Gravato também ocupou por vários anos a presidência da Associação de Ex-Alunos do Colégio.
Já a vivência de Marco Antônio Gravato com a escola começou em 1957. De imediato, ingressou na Banda Musical do Colégio Gonzaga como mascote; em 1958, atuou como baliza e, posteriormente, como taroleiro. “Hoje, ocupo a presidência de honra da Banda do Gonzaga”, relata.
Em 1995, Marco Gravato participou de um movimento pela retomada da banda, considerada um patrimônio cultural de Pelotas. A banda tem uma história rica: foi tricampeã nacional e participou de diversos eventos e desfiles pela cidade. “Conseguimos os instrumentos por meio de contatos e doações de outros colégios. Inclusive o Colégio Pelotense, nosso tradicional rival, contribuiu com alguns instrumentos para recomeçarmos”, comenta.
Marco Gravato, com orgulho, ocupa hoje o cargo que já foi de seu pai: presidente da Associação de Ex-Alunos do Colégio Gonzaga, sendo responsável pela criação do título de Ex-Aluno Emérito, destinado a personalidades públicas que frequentaram a escola. “O ex-prefeito Fetter Júnior, o ex-deputado Érico Ribeiro, o ex-prefeito Bernardo de Souza, o advogado Luis Felipe Magalhães e o escritor Paulo Barbosa Lessa já foram alguns dos homenageados”, informa.
A esposa de Marco Gravato, Eliana, também tem forte ligação com a escola. O casal se conheceu durante o concurso Miss Pelotas, em que Eliana foi uma das candidatas. Durante a conversa, Gravato descobriu que a pretendente trabalhava e dava aulas no Colégio. “Ela atuava como secretária da Associação de Pais e Mestres e também dava aulas no anexo do Gonzaga. Quando ela me contou isso, a paixão se tornou ainda maior”, relembra.
Continuidade
Mesmo com o passar dos anos, Marco Antônio Gravato mantém a convivência com o colégio. Quando surgiu a possibilidade de fechamento do espaço em 2004, ele foi um dos mais atuantes na luta pela manutenção das atividades. “Quando os irmãos lassalistas convocaram uma reunião no colégio com pais e alunos, ficamos desesperados ao saber que o colégio poderia fechar”, comenta.
Ele relembra a passeata realizada no entorno do colégio como um momento histórico. No início, ficou preocupado com a saída dos irmãos lassalistas e com a possibilidade de a gestão passar para a iniciativa privada. “Tive a grata satisfação de saber que o Carlos Santo assumiria como diretor e, hoje, é emocionante ver a continuidade da história que já vivi”, avalia.
Laços que perduram
Marco Gravato conta que o grupo Raízes Gonzagueanas ainda se encontra regularmente. “O relacionamento que temos daquela época continua. Vários ex-alunos, mesmo morando em outras cidades, participam das nossas confraternizações. Teve colegas que vieram de São Paulo só para estar conosco”, conta.
Segundo Marco, o colégio formou muitos alunos que hoje se destacam em suas áreas profissionais, com destaque para o setor público e a política.
Tradição que se mantém
Todas as netas de Marco Gravato estudam atualmente no Gonzaga, o que permite à família manter contato diário com a escola. “Uma das netas, de 14 anos, é atleta da ginástica rítmica e considerada a melhor da categoria juvenil no Rio Grande do Sul, já tendo conquistado diversas medalhas”, compartilha.
Silvia, ao ingressar no Gonzaga, logo começou a participar da banda. “Fui baliza da banda, madrinha da Associação de Ex-Alunos do Colégio Gonzaga, então sempre estivemos muito envolvidos com a escola — e não poderia ser diferente com a minha filha”, diz.
Segundo Silvia, o Gonzaga faz parte da rotina e do ambiente familiar. Para ela, o ensino no colégio é um diferencial, pois alia cuidado com exigência e qualidade, promovendo esforço, estudo e iniciativa por parte dos alunos. “No meio esportivo, vejo o Gonzaga como uma das poucas escolas que ainda incentivam verdadeiramente a prática de atividades físicas. Hoje em dia é raro ver isso em outras instituições”, observa.
Ela também destaca como ponto forte o envolvimento dos pais e familiares com a escola. “Esse ambiente familiar do colégio ajudou a formar quem eu sou hoje, inclusive na escolha da minha profissão na área da saúde, onde também posso cuidar das pessoas”, justifica.
Silvia conta que o dia em que realizou a matrícula de Manuela foi especialmente emocionante. “É esse sentimento que meu pai fala. É uma emoção que toma conta da gente — reviver a infância, as amizades formadas no colégio. É muito especial sentir isso de novo.”