Com o fim dos contratos emergenciais em vigor, o Samu de Pelotas, que atende outros 11 municípios da região, corre o risco de ficar com profissionais inexperientes atendendo no socorro médico à população. O alerta é feito pelos atuais trabalhadores do serviço, que procuraram os vereadores e o governo. Enquanto isso, vereadores e representantes do governo trocam acusações sobre quem é o responsável pelo impasse.
Na gestão, a secretária Carla Cassais afirma que a decisão por contratar candidatos de um processo seletivo de 2023 decorre da demora dos vereadores em aprovar a lei que autoriza o contrato emergencial.
Inicialmente enviada à Câmara em abril, a proposta só foi aprovada na semana passada, o que fez com que não haja tempo hábil para um novo processo seletivo. Carla sustenta que, se a lei tivesse sido aprovada antes, o impasse não existiria.
Na Câmara, vereadores de oposição afirmam que a responsabilidade pela demora na aprovação é do governo e que eles não se opunham às contratações do Samu. Os parlamentares criticam que as vagas do Samu estavam em meio a outras centenas de vagas.
“Faz oito meses que a secretaria sabe desses cargos. Por que não desmembrou e mandou só os cargos do Samu para cá? É a política de 25 anos atrás, que ninguém cai mais”, disse Júnior Fox (PL).
Em algum nível, os dois lados têm razão. É verdade que a Câmara demorou para votar o projeto e que isso dificultou a abertura de uma seleção. Foi a morosidade do Legislativo que gerou o risco de paralisação do Samu.
Por outro lado, também é verdade que o governo errou ao mandar todas as contratações emergenciais em bloco sem que houvesse um ambiente político favorável. Além disso, a gestão não fez o menor esforço para explicar com clareza à população o impacto desses contratos.
No começo da semana, a prefeitura enviou o projeto para a contratação emergencial de mais 199 pessoas, incluindo assistentes sociais, enfermeiros e psicólogos. Esses 199 profissionais também estão com contratos se encerrando? Como isso afetará a população? Dessa vez, também será necessária uma crise para que o tema seja explicado com clareza e transparência?
Enquanto políticos se digladiam, a sociedade assiste preocupada. Quem precisa de socorro, liga para o Samu, para os vereadores ou para os secretários?