Em celebração aos 213 anos de Pelotas e ao início das transmissões da Rádio Pelotense, o Jornal A Hora do Sul recebeu uma comitiva de lideranças e empresários do Vale do Taquari para um momento de integração com representantes da região sul. Organizadores da visita, os diretores do Grupo A Hora acreditam que a melhor forma de promover o desenvolvimento é por meio da geração de riqueza e renda para a população.
À frente do Grupo, o diretor-executivo Adair Weiss relembrou que, num primeiro momento, a ideia de investir em Pelotas e na Zona Sul soou estranha para muitos. “Desde o primeiro dia em que estive nesta cidade, conversando com líderes empresariais, percebi o quanto há de entusiasmo, valores e potencial que ainda não são devidamente reconhecidos”, comentou.
Para Weiss, a geração de empregos e renda é essencial para melhorar a qualidade de vida. “Não existe social sem geração de riqueza e renda. Estamos em um país burocrático, que cobra muitos impostos e não entrega devidamente o que deveria”, avaliou.
Presente no evento, o prefeito de Pelotas, Fernando Marroni, destacou que receber uma comitiva do Vale do Taquari é uma homenagem aos 213 anos do município. “Todos estão convidados a conhecer melhor a região sul. Pelotas e Rio Grande são um polo só, complementares”, disse. Segundo Marroni, além de investir no município, o Grupo A Hora traz um novo olhar sobre a cidade, com base na vivência e na experiência adquiridas no Vale do Taquari.
Conexão para alavancar o desenvolvimento
Participando da programação da rádio pela manhã e da reunião-almoço entre os empresários das duas regiões, o presidente da Federasul, o pelotense Rodrigo Sousa Costa, avaliou que o encontro foi de extrema importância. “Ir ao Vale do Taquari é beber na fonte original do associativismo e do empreendedorismo, características que definem a prosperidade e o sucesso de uma região.”
Segundo Costa, a partir de princípios e valores econômicos sólidos, é possível gerar mais riqueza e qualificar a arrecadação que sustenta os serviços públicos. “A linha editorial do A Hora do Sul é muito afinada com o desenvolvimento. Defende valores e princípios alinhados com os da Federasul.”
Para ele, a conexão entre o Vale do Taquari e a Zona Sul é positiva, pois ajuda a resgatar princípios que já foram muito fortes na região sul, mas que com o tempo foram se perdendo. “Nossa região perdeu protagonismo. O primeiro passo para resolver um problema é reconhecer que ele existe.”
Costa acredita que, por meio da mobilização da opinião pública pelos meios de comunicação, é possível levar os valores do empreendedorismo à sociedade. “Precisamos deixar de hostilizar o empreendedorismo e as empresas. Já perdemos várias posições em rankings de educação, saúde, segurança pública e oportunidades.”
Troca de experiências
Também presente no encontro, o presidente da Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul), Ronaldo Madruga, destacou que a expertise do Vale do Taquari no desenvolvimento regional será positiva. “Essa troca de experiências fortalece não só o grupo da Zona Sul, mas também traz uma nova esperança para os empresários da região.”
A presidente do Conselho de Desenvolvimento do Vale do Taquari (Codevat), Cintia Agostini, reforçou que é essencial entender as diferenças de cada região para identificar suas potencialidades. Contudo, ela observa que temas comuns unem cidades como Lajeado e Pelotas, e podem ser trabalhados de forma conjunta.
“O fio condutor para o desenvolvimento das potencialidades é o meio de comunicação, por facilitar a conexão”, explicou Cintia. Para ela, é a atuação conjunta de diversos atores que permite construir cidades e regiões melhores.
Cintia destacou também características positivas do Vale do Taquari que podem inspirar a Zona Sul, como o espírito associativista. “A região nasce de pequenas propriedades que precisavam se unir. Essa lógica coletiva criou diversas associações e entidades, que são fundamentais para o desenvolvimento.”
Desafios e oportunidades
O presidente da Câmara da Indústria, Comércio e Serviços do Vale do Taquari (CIC), Ângelo Fontana, apontou que o aprendizado da população do Vale diante das catástrofes recentes tem sido um diferencial. “Aprendemos que é possível nos reinventar e unir a partir da tragédia. A região sul também tem aspectos que precisam de mais apoio do restante do Estado.”
Fontana alertou para um desafio enfrentado pela região sul: a limitação da área de fronteira. “São 150 quilômetros com muitos impedimentos para investimentos. Essa faixa representa 60% da área física do Estado e traz enormes limitações.”
Ele também ressaltou uma oportunidade ainda não aproveitada: a das hidrovias e ferrovias. “Além de beneficiar todo o Estado, traria mais movimentação para a Zona Sul. No entanto, ainda não temos, por parte dos governos federal e estadual, sinais de novos investimentos nessas áreas.”