As informações que já vieram à tona através da CPI do Sanep corroboram com a versão da sindicância feita pelo próprio governo de que não houve superfaturamento, mas descuido e pressa no contrato assinado entre a autarquia e a Terraplanagem Monteiro Rocha.
O depoimento de Charles Monteiro Rocha, proprietário da empresa, ficou na mesma linha do relatado pelo pregoeiro Marcos Fernando Duarte, duas semanas antes. Em suas respostas, o empresário não escondeu o incômodo com a exposição e defendeu que a situação poderia ter sido resolvida amigavelmente.
Na visão dele, o cancelamento do contrato prejudicou à sua empresa e à população. “Não choveu, porque se chovesse, eu ia ligar para o vereador Halal e ia pedir ‘pega uma pá e uma enxada e vem solucionar o problema agora’”, disse. O vereador Arthur Halal (PP), presidente da CPI, respondeu: “Não fui eu que fiz um contrato superfaturado, não é um problema meu. Eu fiz o meu papel de fiscalização, e tanto eu estava certo que cancelaram o contrato”.
Além disso, Charles afirmou que Halal tem relação com João Pedro da Costa, proprietário da Construtora Mirim, empresa que apresentou os menores preços na licitação, mas foi desclassificada. Na visão dele, isso pode ter influenciado a denúncia. João Pedro e o vereador negaram ser amigos.

CPI presidida por Arthur Halal já ouviu quatro testemunhas (foto: Fernanda Tarnac)
Após os depoimentos, Halal avaliou que os depoimentos confirmaram que o Sanep manteve contato apenas com a Monteiro Rocha. “A dispensa foi feita de forma apressada, o que também pode evidenciar irregularidade”, avalia o presidente da CPI.
O presidente disse que ainda não foram definidos os próximos depoimentos da CPI. Entre as próximas possíveis testemunhas, estão as outras empresas que tiveram contratos com o Sanep cancelados, assessores jurídicos da autarquia e o diretor-presidente Ellemar Wojahn.