Os funcionários da Santa Casa de Misericórdia de São Lourenço do Sul receberam, no início da noite desta terça-feira (1º), o pagamento de 40% do salário de maio. O valor atrasado foi cobrado pela categoria uma manifestação realizada em frente ao hospital, na tarde de segunda-feira, quando os trabalhadores também solicitaram a intervenção da prefeitura na administração da entidade, que vive grave crise financeira.
De acordo com uma funcionária presente na manifestação, o presidente da Santa Casa, Cristiano Altenburg, comunicou aos funcionários, durante o ato, que o pagamento estava condicionado ao recebimento de uma emenda parlamentar. Até o momento, a instituição não retornou aos questionamentos da reportagem.
O SindiSaúde-RS tinha uma visita marcada ao hospital nesta quarta-feira (2) para deliberar uma ação junto aos funcionários, podendo até decidir pela paralisação da categoria. Com o pagamento, os cerca de 250 trabalhadores devem manter as atividades.
Situação financeira
A crise da Santa Casa se intensificou nos últimos meses com a suspensão de atendimentos eletivos em dezembro de 2024 e a demissão coletiva de 25 médicos em março deste ano. Os profissionais, que estavam com quatro meses de salários atrasados, até aceitaram um cronograma de parcelamento apresentado pela instituição, que não cumpriu com os prazos.
Sem reposição desses profissionais, a Santa Casa reduziu drasticamente suas atividades, mantendo apenas os atendimentos no Pronto Socorro e nos setores de hemodiálise, clínica médica e psiquiatria.
A situação fez com que a prefeitura solicitasse ao Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde (DenaSUS) uma auditoria para apurar irregularidades na gestão da instituição. Na última semana, o diretor do órgão, Rafael Bruxellas, esteve no hospital e demonstrou preocupação com a aplicação dos recursos públicos.
A auditoria já passou por uma fase analítica, na qual documentos e relatórios de prestação de contas foram avaliados. Agora, técnicos do DenaSUS realizam uma etapa presencial no hospital, com duração prevista de cerca de duas semanas, para verificar in loco a aplicação dos recursos e as condições de funcionamento da instituição. A conclusão do processo está prevista para agosto, com a emissão de recomendações que devem apontar soluções para restabelecer o funcionamento pleno do hospital.
Como medida emergencial, a Secretaria Estadual da Saúde elaborou um plano de contingência para minimizar os impactos da crise. O plano prevê a transferência de pacientes para o Hospital São João da Reserva, localizado no interior do município, além do reforço no serviço de ambulâncias para levar pacientes a unidades de saúde em cidades próximas.