Literalmente uma história de doação. O gibi Coração Valente, que trata sobre doação de órgãos numa ótica infantil e motivadora, surge do gesto singelo de unir talentos para um bem comum. Desde o texto do policial civil Giacomo Bertinetti à sensibilidade e inspiração da enfermeira da Organização de Procura de Órgãos (POP5), Viviani Aspirot, até a arte visual e o recrutamento pela Associação Nacional de pré e pós transplantados (ANPPT) de verba para impressão, tudo foi batalhado pela vontade de informar um público bem ligado e multiplicador: os pequenos leitores.
A ideia surgiu a partir da explicação do pai para a filha sobre a enchente no RS. A pequena mora com a mãe e teve que deixar a casa alagada na praia do Laranjal e virou e-book. Fez tanto sucesso que Viviani contactou Bertinetti, que também é jornalista, para um novo desafio. “Estávamos numa reunião onde faziam parte alguns membros que trabalham com doação de órgãos em Pelotas e lembrei do trabalho dele [Giacomo]. Pedi se poderia escrever algo sobre o tema e, então, surgiu a Coração Valente”, relatou. “Fiquei muito contente e empolgado. Após pegar as primeiras referências, criei um esboço e mergulhei na história da Coração Valente. Enviei aos responsáveis pela revisão, que trabalham há anos com doação. Eles apontaram pequenas mudanças no texto e consolidamos o material”, explicou o escritor. As imagens foram geradas a partir de inteligência artificial. A proporção do projeto, que seria apenas uma versão digital, virou gibi. “Hoje recebo vários relatos e fotos de quem já leu. Como doador de órgãos foi uma grande honra poder fazer parte deste projeto tão
lindo”, destacou.
Gibi será distribuído a partir de quinta-feira, em estande no IFSul. (Reprodução)
Inspiração para a vida
Para quem vive a causa, como o professor aposentado do IFSul e presidente da ANPPT, Edelbert Kriguer, transplantado dos pulmões, a concepção surgiu quando estava em um consultório e viu um livrete do Maurício de Souza. “Falei no nosso grupo e surgiu o nome do Giacomo. Então fizemos esse livreto, de forma lúdica, para atender crianças. Mas é um folhetim infanto juvenil que causou um impacto muito bom nos adultos”, observa.
Os primeiros impressos foram no IFSul, que apoia o projeto e, com o patrocínio da Ótica Cristal, serão feitos mais cinco mil exemplares para distribuir nas escolas. Paralelo à campanha, a ANPPT segue com ciclo de palestras pela cidade. “Esse livreto vem para ajudar a nossa causa. Esta é a proposta que a gente tem. Tentar fazer a diferença com a garotada”.
Com sete anos de atuação na área, ou seja, na busca de órgãos para transplantes, Viviani revela que uma das atribuições da OPO5, que envolve mais quatro enfermeiras, além dela, uma médica coordenadora e uma secretária administrativa na Zona Sul do Estado, vai além e o folhetim vai ajudar bastante. “Falar com crianças é sempre uma forma especial, pois elas não têm esse ‘preconceito’ sobre o tema. Falam de forma aberta sobre o assunto. Os pequenos são o nosso futuro, são multiplicadores e não têm um olhar ruim sobre o doar órgãos, pois acreditam que podem ajudar outras pessoas”.
Os envolvidos no Coração Valente – uma história de doação lembram que para ser um doador de órgãos no Brasil é preciso expressar o desejo em vida. Conversar com os familiares é fundamental, pois só eles podem autorizar a doação de órgãos.
Saiba mais
O projeto tem previsão de ser distribuído a partir de quinta-feira, no estande do IFSul campus Pelotas. A coordenação é da OPOP 5, Associação Nacional de pré e pós transplantados (ANPPT), Liga Pelotense dos Transplantados e a Adote.
