Taxa Selic a 15% deve elevar o custo de produção no país

Peso no bolso

Taxa Selic a 15% deve elevar o custo de produção no país

Tendência é que financiamentos, cheque especial e até compras no supermercado sejam impactados

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Taxa Selic a 15% deve elevar o custo de produção no país
Apesar da desaceleração, inflação do país ainda não está controlada. (Foto: Divulgação)

Com o maior patamar registrado em 20 anos, a Selic — taxa básica de juros da economia brasileira, usada como referência para todas as demais taxas — em 15% ao ano deverá começar a pesar ainda mais no bolso dos brasileiros. Empréstimos, rendimento da poupança e até compras de alimentos tendem a ser afetados com o aumento dos preços.

Utilizada pelo Banco Central para conter a inflação, a Selic vem sendo mantida em um nível elevado, diante da previsão de que a inflação feche 2025 em 5,24%, acima da meta estabelecida, que varia entre 3% e 4,5%. Com empréstimos e créditos mais caros, o consumo e os investimentos das empresas são desestimulados. Isso reduz a circulação de dinheiro na economia e ajuda a conter os aumentos de preços, contribuindo para o controle da inflação.

O economista e professor da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), Eduardo Tillmann, explica que empresas, indústrias e o agronegócio operam com base em empréstimos. “A elevação da taxa aumenta o custo de produção como um todo. Via de regra, quando a empresa tem aumento de custo, ela repassa isso ao consumidor”, afirma.

Segundo Tillmann, qualquer tipo de financiamento — como compra da casa própria, automóvel ou móveis — tende a ficar mais caro. “Até o próprio cheque especial, para quem já está enforcado, deve ter aumento nas tarifas”, completa.

A tendência é de redução no consumo das famílias, diante do encarecimento do crédito e dos produtos, assim como uma retração nos investimentos e contratações por parte das empresas. “Se há redução do consumo, dos investimentos das empresas e da produção, a consequência é um crescimento econômico mais baixo para o país”, avalia. Apesar disso, o professor destaca que a decisão do Banco Central é importante para controlar a inflação e preservar o poder de compra do consumidor.

Impacto na inflação

O professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e economista Marcelo Passos acrescenta que os efeitos da alta da Selic devem começar a ser sentidos de forma mais clara em quatro ou cinco meses. “Isso se chama defasagem da política monetária. Estamos sofrendo agora os efeitos de aumentos na taxa Selic ocorridos há cerca de quatro meses”, explica.

Na avaliação de Passos, a inflação ainda não está totalmente controlada, mas já apresenta sinais de desaceleração. “Não vai haver uma queda de preços generalizada e muito rápida. Os preços devem cair ao longo dos próximos três ou quatro meses, sobretudo nos serviços”, observa.

Oportunidades para quem investe

Para quem tem dinheiro guardado, a Selic em 15% pode representar oportunidade. “A taxa básica de juros aumenta o retorno dos investimentos”, destaca Tillmann. Até mesmo a poupança passa a render um pouco mais, embora continue perdendo para outros investimentos em termos de rentabilidade.

Com a Selic em alta, os CDBs (Certificados de Depósito Bancário) se tornam mais atrativos. Isso acontece porque muitos seguem o CDI, uma taxa que acompanha de perto a Selic. Nesse cenário, CDBs que pagam 100% do CDI podem render até 12,7% ao ano.

Outro investimento que se destaca com os juros altos é o Tesouro Direto, principalmente os títulos Tesouro Selic e Tesouro IPCA+. O primeiro acompanha a taxa básica de juros e é indicado para quem busca baixo risco e liquidez, ideal inclusive para reserva de emergência. Com a Selic a 15%, ele rende próximo disso ao ano, com desconto de IR conforme o prazo.

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