Bastidores do cuidado da artista pelotense Kathleen Oliveira foi selecionada para a exposição coletiva intitulada A Força da Mulher Gaúcha, que será realizada na reconhecida internacionalmente Viridis Gallery, em Bruges, na Bélgica, no mês de agosto. A obra em técnica mista passou por uma votação popular online, que elegeu 12 das 30 candidatas da segunda fase da seleção. Na primeira etapa foram 50 inscritas.
Essa é a primeira vez que Kathleen tem um trabalho exposto fora do país. A obra é uma fotografia digital sublimada sobre voil, com fita microporosa e bordado à mão. A imagem é tensionada por um bastidor de madeira e centralizada em moldura branca, como uma homenagem às mulheres que, mesmo com pouco, acolhem e cuidam. Foi criada a partir das vivências de Kathleen como visitadora do Programa Primeira Infância Melhor (PIM) e como voluntária em um abrigo durante as enchentes do ano passado. Sobre o bastidor a artista tece com linha azul a invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher. “Ela não se mostra, mas atravessa cada detalhe – como o fio que sustenta o tecido. Está na criança, entre água e o barro, nas roupas do bebê cor-de-rosa no varal, no gesto insistente de bordar a palavra perseverar. A obra propõe, assim, uma reflexão sobre a dimensão poética da persistência em meio à adversidade”, descreve a artista.
Obra mistura fotografia e bordado para homenagear as mulheres.
Doutoranda em Artes
Kathleen não vai a Bruges ver a exposição porque não tem recursos financeiros. Atualmente ela é doutoranda em Artes pela Universidade Federal de Pelotas, orientada pela professora doutora Alice Monsell. A linha de pesquisa da artista versa sobre os Processos de Criaum ção e Poéticas do Cotidiano. “Estou só com a bolsa da pós graduação”, explica.
As autoras das duas obras mais votadas conquistaram o direito de irem para a Bélgica com tudo pago. “Meu trabalho foi selecionado para participar da exposição física em Bruges, mas eu não consegui o número de votos suficientes para conseguir ganhar as passagens. O pessoal está organizando uma comitiva para ir de artistas aqui do RS para vernissage”, conta a artista. Mesmo sem poder ver a exposição de perto, Kathleen não está frustrada, pelo contrário. “Estou bem feliz, será minha primeira exposição internacional. É muito importante esse passo de ter um trabalho selecionado e indo para uma galeria na Europa. Acredito que vá abrir portas”, fala.
