Diante da crise na Santa Casa de Misericórdia com a suspensão dos atendimentos em quatro especialidades e da denúncia do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) de indícios de desassistência médica no hospital, a Prefeitura de São Lourenço do Sul avalia decretar situação de emergência em saúde.
Na quinta-feira (19), em comunicado a 3ª Coordenadoria Regional de Saúde, a direção da Santa Casa informou que os atendimentos em obstetrícia, pediatria, cirurgia geral e anestesiologia estão temporariamente suspensos. Isso porque o hospital rompeu o contrato com Instituto Vida Plena, responsável pela contratação dos médicos.
O convênio com o instituto vigorava há pouco mais de dois meses e foi firmado após o pedido de demissão coletiva de 25 médicos devido a mais de quatro meses de salários em atraso. Além disso, os ambulatórios de otorrinolaringologia e traumatologia da Santa Casa estão paralisados desde o dia 1º de março. Atualmente, somente o Pronto Socorro e os setores de hemodiálise, de clínica médica e psiquiatria estão em funcionamento.
Frente a situação, o governo municipal irá avaliar na segunda-feira (22) a possibilidade de decretar situação de emergência em saúde. “É uma situação de colapso”, diz o prefeito Zelmute Marten (PT). Caso seja necessário o atendimento de pacientes em especialidades suspensas, equipes da secretaria de saúde estão mobilizadas para realizar a transferência para outros municípios ou para o Hospital São João da Reserva.
Prescrição irregular
A falta de profissionais é somada a denúncia recebida pelo Simers de que médicos de São Lourenço do Sul teriam sido convidados pela Santa Casa a realizar prescrições aos pacientes sem os atender efetivamente. O Sindicato Médico detalha que a oferta era acompanhada de expressões como “só para prescrever” e “não precisa ficar lá”, além de ofertas de pagamento correspondente a apenas 45% da hora normal.
Considerada como possível desassistência médica institucionalizada na Santa Casa e uso indevido de recursos públicos, o Simers enviou um comunicado de alerta a Prefeitura de São Lourenço do Sul.
“Além da rescisão contratual do instituto responsável pelos plantões – por falta de pagamento -, a situação dos profissionais do corpo clínico da Santa Casa também é alarmante. Médicos seguem sem receber os salários atrasados”, diz a diretora regional do Simers.
Conforme Renata Jaccottet, a omissão da gestão hospitalar colocaria em risco a continuidade dos atendimentos, expondo tanto os médicos quanto os pacientes a uma situação crítica.
A reportagem entrou em contato com a direção da Santa Casa de São Lourenço do Sul, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.